No dia 17 de abril de 1996, policiais militares chegaram a um acampamento de 1.500 trabalhadores sem terra, na chamada “curva do S”, entre Eldorado dos Carajás e Marabá, no Pará.
Sob o comando do coronel Pantoja, os policiais chegaram lançando bombas de gás lacrimogêneo. No início, os trabalhadores resistiram jogando paus e pedras. Entretanto, ao ouvirem os primeiros disparos, tentaram fugir e se proteger.
O massacre durou aproximadamente uma hora. Dezenove trabalhadores foram assassinados e outros 69 ficaram feridos. A matança fez o Brasil figurar nas manchetes nacionais e internacionais. Segundo testemunhas, entre os algozes estavam jagunços das fazendas vestidos de policiais militares para ‘ajudar’. Na ocasião os policiais alegaram que agiam em legítima defesa, o que foi mais uma crueldade contra a classe trabalhadora. Laudos médicos constataram: tiros a queima-roupa, corpos mutilados com foices e enxadas, ferramentas de trabalho das vítimas.
Em sua edição n.º 73, o INVERTA denunciava mais esse extermínio das forças produtivas, os trabalhadores, como forma de “combater” o desemprego e a miséria. O semanário também trazia em seu editorial o chamamento pela unidade dos trabalhadores sem-terra com o operariado urbano - os seus iguais em sofrimento.
Encontravam-se reunidas no México, nessa data, organizações camponesas de 67 países articuladas na Via Campesina, e decidiram transformar o dia 17 de abril em Dia Internacional de Luta Camponesa.
Neste ano, quando completam-se cinco anos do massacre, houve mobilizações em todas as capitais brasileiras e em vários países como Espanha, Bélgica, Indonésia, França, Noruega, República Dominicana, Uruguai e Canadá.
Em São Paulo, a mobilização aconteceu nos dias 17, 18 e 19 com 1000 trabalhadoras rurais, que além da pauta da Reforma Agrária, exigiram a CPI da corrupção e denunciar a impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás.
A situação dos sem-terra não é diferente da situação de toda a classe trabalhadora, que não tem trabalho, saúde, educação. Segundo informe do MST, o povo do campo sofre a triste situação de não ter terra para plantar, pois ela está concentrada nas mãos de 1% da população. Os assentados não têm crédito para produzir, porque no Brasil não existe política agrícola para os pequenos produtores.
No Rio de Janeiro, cerca de 400 sem-teto realizaram manifestação no Rio de Janeiro, em frente à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Além dos sem-teto houve a participação de representantes de sindicatos, de partidos políticos e de movimentos populares.
Nas palavras de ordem, os sem-terra lembraram, além dos companheiros mortos em Eldorado dos Carajás, outros homens e mulheres que caíram na luta contra os latifundiários, os senhores de terra. No protesto no Rio, a presença de violeiros, que cantaram as modas do interior, num misto de revolta pela impunidade que grassa no Sistema e a confiança na luta por dignidade e justiça. De http://inverta.org/jornal/
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