Por Luany Galdeano | Folhapress
Foto: Washigton Costa/Divulgação MGI
Concursos públicos federais serão menos focados na memorização de conteúdo e deverão captar outras habilidades dos candidatos, como capacidade analítica, de acordo com Roberto Pojo, secretário de Gestão e Inovação do governo federal.
À Folha ele também falou sobre planos de contração de servidores e medidas contra assédio aos profissionais públicos, que celebram seu dia neste sábado (28).
Nos concursos, questões específicas de leis, por exemplo, costumam ser cobradas na maior parte das vezes. No entanto, nem sempre esse conhecimento é usado no dia a dia de trabalho, de acordo com Pojo, que atua no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos desde janeiro deste ano.
"A orientação é modificar esse 'decoreba' para algo que seja capaz de capturar outras habilidades, capacidade cognitiva, e muito mais do que o ferramental", diz.
A discussão sobre as mudanças exatas é sensível e ocorre em sigilo, mas deve ganhar luz na publicação dos próximos editais de concursos, informa o secretário.
As alterações também visam ampliar a diversidade entre candidatos, já que o formato atual privilegia quem pode se dedicar em tempo integral ao certame. O modelo acaba prejudicando parte dos concurseiros, como os que dependem da renda no trabalho ou são responsáveis por parentes.
Levantamento do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgado no início deste ano mostrou a falta de diversidade entre os aprovados na prova para auditor federal.
O concurso, um dos mais concorridos do país, seleciona principalmente homens de classe média que conseguiram se dedicar aos estudos por dois ou três anos.
"Se eu forço [o candidato] a decorar muita coisa, ele precisa de tempo. Isso gera uma concorrência desleal entre aqueles que podem parar de trabalhar e ficar fazendo cursinho contra pessoas que são adequadas para atuar no Estado, mas tem de dividir o tempo com outras atividades", diz Pojo.
A pasta pretende fortalecer a periodicidade de concursos para evitar longos períodos sem entrada de novos servidores. O objetivo é tornar os órgãos mais estáveis e prevenir choques geracionais entre os funcionários.
Segundo o secretário, o concurso nacional unificado, anunciado em setembro, também visa tornar o acesso ao serviço público mais inclusivo.
A prova vai sair menos dispendiosa para os candidatos, que vão poder concorrer a várias vagas disponíveis em uma mesma área de atuação, pagando uma única taxa de inscrição.
Outra iniciativa da pasta para diversidade é a ampliação de cotas para líderes, tanto para mulheres quanto para pessoas negras. Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta (27) mostrou que 56% dos brasileiros acreditam que o serviço público não é diverso.
"Se a gente não tomar as ações no ingresso, na evolução na carreira e nos cargos de chefia, a população não vai se enxergar no serviço público", afirma o secretário.
Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aprovou decreto com reserva de 30% de vagas de chefia para pretos e pardos. Nesta semana, a Folha mostrou que a meta já havia sido alcançada na época da assinatura do documento.
Ainda em inclusão, o ministério planeja um projeto de linguagem simplificada para o cidadão. Feito em parceria com a AGU (Advocacia-Geral da União), o objetivo é tornar as comunicações do Estado mais fáceis de serem entendidas.
O projeto se inspira em uma iniciativa similar no governo do Ceará, que simplifica informações públicas.
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