Por Daniele Madureira | Folhapress
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A empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, afirmou nesta terça-feira (24) que ninguém sabe ainda o que aconteceu com a Americanas -varejista em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, que assumiu ter sido alvo de uma fraude contábil nos últimos anos.
"Já vi muita empresa quebrar na minha trajetória no varejo -Casa Centro, Arapuã, Mappin, Mesbla, Modelar. Eu proíbo [os funcionários] de falar dos concorrentes, mesmo com investidor, sempre foi assim. Acho muito desagradável", disse a empresária, durante evento promovido pela PwC na Arena Magalu, em São Paulo, para discutir a proteção de dados no varejo brasileiro.
Segundo Luiza Helena, o episódio Americanas -que envolveu uma fraude contábil nos balanços da companhia nos últimos anos, levando a um rombo de R$ 25 bilhões- foi ruim para o varejo como um todo.
"Mas até agora ninguém sabe o que aconteceu com a Americanas. Eu não sei e não quero saber, a não ser que tivesse uma pessoa lá de dentro que me contasse. O que existe é um nível de fofoca muito grande", diz.
Na opinião de Luiza Helena, "foi muito pesado o que aconteceu". "As auditorias estão morrendo de medo de tudo", afirmou. "Todo episódio faz a gente repensar o que está fazendo, sempre procurando melhorar. Nos últimos dois anos, tivemos um grande crescimento na pandemia, incorporando novas pessoas. É importante rever os processos sempre."
De acordo com a empresária, o código de governança do Magalu é muito rígido e não aceita negociação. "Não importa se você tem 19 anos ou 1 ano de empresa: se não respeitou o código de governança, está fora da companhia."
Em março, a empresa informou, em fato relevante, que seu comitê de conduta e ética tomou conhecimento de uma denúncia anônima sobre irregularidades envolvendo a área de compras da companhia. A denúncia falava de bonificação paga a funcionários do Magalu por três distribuidores que fornecem produtos à varejista.
Segundo uma fonte do mercado financeiro, em tempos normais, um caso como esse seria conduzido internamente, sem a necessidade de exposição. Mas, por se tratar de um momento delicado na concessão de crédito para as empresas em geral, especialmente para as varejistas, expor eventuais "esqueletos" pode ajudar a resgatar a credibilidade.
A Americanas foi alvo de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em Brasília, que encerrou suas atividades no final de setembro, sem apontar culpados. O relatório final, de autoria do deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), não identificou os responsáveis pela fraude e se limitou a fazer sugestões de melhorias legislativas.
A PwC foi a auditoria da Americanas nos últimos anos. Quando o escândalo contábil da varejista veio à tona, o papel dos auditores da empresa, que não teriam identificado a fraude, foi questionado.
EMPRESÁRIA DIZ QUE VAI ABRIR 'CASA DA LU', INFLUENCIADORA DIGITAL DA REDE
Luiza Helena aproveitou o evento para anunciar que a Lu, influenciadora digital do Magazine Luiza, vai ter uma casa em São Paulo no ano que vem.