A onda de violência que assola o
Ceará chegou nesta terça-feira, 8, ao sétimo dia marcada por boatos de toque de recolher supostamente ordenado pelo Estado e difundido pelas redes sociais, e comprometimento de serviços essenciais, como coleta de lixo e transporte. O sindicato dos médicos orientou os profissionais a não trabalhar até que os ataques cessem. Com medo, comerciantes estão fechando as lojas.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) teve de emitir um comunicado para acalmar a população negando que tivesse adotado toque de recolher. Também se espalham pelas redes sociais boatos de ataques a comércios que permanecem abertos. A pasta classificou os boatos de “prática criminosa” e afirmou que a estratégia é uma “reação encontrada por criminosos às ações das forças de segurança do Estado e do governo federal”.
Com medo, comerciantes estão fechando as portas mais cedo. Segundo a secretaria, foram detidos 11 adultos e três adolescentes pela distribuição de panfletos com ameaças a comerciantes na Grande Fortaleza.
Em Fortaleza, a coleta de lixo já está sendo prejudicada. Nos bairros Centro, Benfica, Damas e Montese há amontoados de lixo, expondo a falha no recolhimento. Uma moradora de Benfica que não quis se identificar por temer represálias contou que o caminhão de lixo até passou nos dias corretos, mas os lixeiros não desceram do veículo. A prefeitura afirmou que está se esforçando para manter os serviços essenciais.
Os Correios justificaram atrasos na entrega de correspondências e encomendas. “As entregas de correspondências e encomendas em algumas áreas de Fortaleza estão sendo afetadas. Até que se normalize a situação, os Correios estão adotando o procedimento de entrega interna – quando o objeto deve ser retirado em uma unidade”, informou. O destinatário receberá um aviso para retirada do objeto em horário e endereço específicos.
Transporte público
A circulação de ônibus continua prejudicada, apesar das medidas adotadas pelos governos, como a colocação de policiais dentro dos coletivos. Segundo o estudante Samuel Sousa, o ônibus está demorando mais. “O ônibus que eu pego demora dez minutos para passar, mas hoje (terça-feira) esperei 40 minutos. No terminal, peguei outro e em nenhum dos dois vi PM, a não ser que eles estivesse à paisana.” Segundo o governo, há policiais fardados e à paisana nos coletivos.
Moradora do Bom Jardim, na periferia de Fortaleza, a atendente de telemarketing Ana Paula Mendes relatou que os ônibus estão alterando os itinerários. “O ônibus que passava do lado da minha casa já não passa nem na minha rua. Sem contar que, quando começam a queimar os ônibus, eles recolhem tudo e as pessoas ficam esperando nos terminais e nas paradas, sem saber se ainda vai passar ou não.”
De acordo com o Sindionibus, quando a denúncias ou ameaças de possíveis atentados contra os veículos é feita uma avaliação pela SSPDP sobre os riscos, e essa análise pode desencadear atrasos.
Também nesta terça, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos informou, por meio de nota, que suspenderia temporariamente a operação das linhas Sul, Oeste e do VLT Parangaba-Mucuripe, a partir das 20 horas, por motivos de segurança.
O Sindicato dos Médicos do Ceará divulgou comunicado aos profissionais recomendando que eles não compareçam ao trabalho enquanto a violência perdurar. Também ofereceu apoio jurídico e oficiou prefeituras e o Estado comunicando a decisão. Para tentar evitar as faltas, a Secretaria de Saúde de Fortaleza informou nesta terça que os servidores dos postos de saúde que faltarem terão o ponto cortado com desconto salarial.
Ataques