O Globo
Depois de enviar uma comitiva de ministros a Roraima na última quinta-feira, o presidente Michel Temer decidiu viajar nesta segunda-feira a Boa Vista para conversar com a governadora Suely Campos sobre a situação do estado diante da intensa migração de venezuelanos. Segundo o Palácio do Planalto, Temer vai interromper o recesso de carnaval e deixar a base naval na Restinga da Marambaia, no Rio, onde está com a família. A previsão é de que o presidente retorne ao Rio ainda nesta segunda.
A visita de Temer ocorre em meio a ataques a venezuelanos na capital de Roraima. No sábado, a Polícia Civil prendeu um guianense acusado de incendiar duas casas de imigrantes em Boa Vista. A cidade recebeu cerca de 40 mil imigrantes entre os 70 mil que cruzaram a fronteira no ano passado. No entanto, segundo a Polícia Federal, foram registrados apenas 17.310 mil pedidos de refúgio de venezuelanos no ano passado.
O governo estuda transferir venezuelanos para outros estados para diminuir a sobrecarga nas unidades de saúde e outros serviços. Depois da visita na última quinta, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que os imigrantes poderiam ser direcionados para Amazonas, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
A situação na região, no entanto, pode se agravar, já que a Colômbia deu início, na última sexta-feira, a novos procedimentos de controle migratório na fronteira com a Venezuela. As medidas adotadas pelo governo colombiano provocaram um gargalo imediato na região, já que o país recebe, diariamente, 37 mil imigrantes venezuelanos, segundo a agência de notícias espanhola “Efe”.
No fim de janeiro, o governo brasileiro anunciou que também reforçaria o patrulhamento em áreas fronteiriças e descartou fechar a fronteira. Na ocasião, o ministro Eliseu Padilha afirmou que o país não iria impedir a entrada dos venezuelanos.
Ao jornal “O Estado de S.Paulo”, o ministro Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que o governo pretende ordenar a entrada de venezuelanos e oferecer apoio ao estado, com ações de saúde e entrega de suprimentos. Segundo Etchegoyen, as restrições adotadas pela Colômbia aumentam o fluxo de venezuelanos para o Brasil.
— Não dá para esperar o carnaval terminar para agir. A situação é dramática. Precisamos entrar com uma forte ação federal para ajudar o estado e os municípios de Roraima — disse o ministro.