por Fernando Duarte
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
Um articulador próximo ao governador Rui Costa (PT) confessou que não era esperada a repercussão negativa da exoneração dos dois secretários estaduais baianos, Josias Gomes (PT) e Fernando Torres (PSD), para reassumirem as cadeiras na Câmara dos Deputados e votarem na denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB). Na conversa, completamente fora dos microfones, esse interlocutor minimizou o fato de Rui, indiretamente, beneficiar Temer. “Não era esse o objetivo”, garantiu. A clássica conversa para “boi dormir”. O governador derrapou e foi obrigado a divulgar um vídeo nas redes sociais em que defende a realização de eleições diretas. Não que não o fizesse antes. Só que o discurso permaneceu adormecido e só foi retomado quando o estrago da mobilização pró-Temer estava consolidado. Sempre pragmático, Rui tentou reduzir eventuais danos que a ascensão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) poderia causar para a Bahia – o presidente da Câmara é aliado e amigo do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), principal adversário do governador baiano. Ganhou uma enxurrada de críticas nas mesmas redes sociais onde tentou se justificar e ainda muitas ironias da oposição da Bahia. Saiu menor e por uma questão que já era, àquela altura, Inês enterrada. Isso não significa, no entanto, que ACM Neto ganhou com o episódio. O relato do presidente ao senador Otto Alencar (PSD-BA), de que o DEM teria colocado uma pedra sobre um empréstimo do Banco do Brasil ao governo da Bahia, também o diminuiu – ainda que ele e todos os aliados neguem qualquer interferência no processo. A pecha pegou. Vale ressaltar, todavia, que tudo não passou de chumbo trocado.