Pelo menos 15 governadores já começaram a implantar medidas para enfrentar a crise e, ao contrário do governo federal, priorizam redução de gastos com pessoal e custeio da máquina pública
Nicola Pamplona, do Brasil Econômico
Enquanto o governo federal enfrenta uma batalha com Congresso, centrais sindicais e empresários para aprovar um pacote de ajuste fiscal centrado em desonerações e contingenciamentos, governos estaduais por todo o Brasil começam a cortar na própria carne para sobreviver ao cenário econômico adverso. Levantamento feito pelo Brasil Econômico aponta que pelo menos 15 dos 27 estados brasileiros já detalharam medidas para cortar despesas, em um processo que deve resultar em máquinas administrativas mais enxutas. Ontem, foi a vez do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, convocar entrevista coletiva para anunciar seu pacote contra a crise.
“Vamos trabalhar para equilibrar as contas”, afirmou Pimentel, após anunciar um déficit de R$ 6 bilhões no orçamento de 2015. “Nossa obrigação é trabalhar para reduzir ou otimizar as despesas e ampliar as receitas dentro do que for possível, articulando investimentos das estatais, do próprio governo, das operações de crédito e dando melhor uso a cada centavo”, completou o secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, sem antecipar as medidas que serão tomadas. Minas segue o exemplo de outros estados que optaram por otimizar os gastos diante dos déficits orçamentários — em 2014, o rombo na conta dos governos estaduais totalizou a R$ 13,3 bilhões.
Os primeiros impactos dessa estratégia são sentidos por ocupantes de cargos comissionados, que estão sendo reduzidos na maior parte dos estados que anunciaram pacotes de redução de despesas. No Distrito Federal, por exemplo, foram quase 4 mil cortes de cargos este ano, com uma economia de R$ 35 milhões nas folhas de pagamento de janeiro e fevereiro. No Espírito Santo, a meta é reduzir em 20% o valor com cargos comissionados, além de corte equivalente no número de temporários. No Mato Grosso, o número de contratados em cargos de confiança deve ser reduzido em 25%.