Os resultados apontam que o uso dos aparelhos no começo da vida contribui para um ciclo deletério para a regulação emocional.
O uso de tablets por crianças pequenas pode provocar um ciclo vicioso de raiva e frustração, segundo os resultados de uma nova pesquisa canadense, publicada no periódico especializado JAMA Pediatrics. Por Bahia Notícias
Para chegar a essa conclusão, os cientistas realizaram uma sequência de entrevistas com pais de 315 crianças entre 2020 e 2022, quando elas estavam em idade pré-escolar, durante a pandemia da Covid. Foram três momentos: quando as crianças tinham 3 anos e meio, 4 anos e meio e 5 anos e meio.
O contexto da Covid também pode ter sua parcela de contribuição nos resultados. Por isso, os pesquisadores agora estão coletando dados para tentar replicar os achados no pós-pandemia.
Em média, crianças com 3 anos e meio eram expostas a 6,5 horas de tablet por semana; aos 4 anos e meio, a 6,7 horas semanais; aos 5 anos e meio, a 7 horas semanais. A escala de raiva, produzida a partir das respostas a perguntas como se “a criança fica com raiva quando ela tem que ir para a cama”, variava de 0 a 7 e foi respectivamente de 4,3, 4,3 e 4,1 nos períodos analisados.
Uma análise estatística, capaz de separar o peso do fator individual dos fatores de interesse (uso de tablet e episódios de raiva), mostrou que o uso de tablet aos 3 anos e meio estava ligado a mais manifestações de raiva aos 4 anos e meio. Também evidenciou que mais episódios de raiva aos 4 anos e meio se relacionavam a um maior uso de tablets aos 5,5 anos.
De acordo com os pesquisadores, os resultados apontam que o uso dos aparelhos no começo da vida contribui para um ciclo deletério para a regulação emocional.
“Nossa capacidade de regular efetivamente nossas emoções se desenvolve na primeira infância e estabelece as bases para o desempenho escolar futuro, da capacidade de interagir competentemente com colegas e professores e do desenvolvimento da personalidade. Por essa razão, é muito importante que as crianças tenham a oportunidade de desenvolver fortes habilidades de regulação emocional durante os anos pré-escolares”, conta à Folha Caroline Fitzpatrick, professora da Universidade de Sherbrooke (Canadá) e principal autora do estudo.
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