Por Vitor Guerra
A idosa aposentada Francisca Maria se formou em Direito aos 78 anos e escreveu o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) todo à mão. A neta era a responsável por transcrever todo o trabalho para o computador.
A sertaneja mora na zona rural de Uiraúna, sertão da Paraíba e voltou à sala de aula depois de 45 anos. A jornada para conseguir o diploma não foi fácil e todos os dias ela percorria mais de 100 quilômetros até a faculdade, em Cajazeiras.
O local de estudo era o quintal de casa, enquanto esperava a água nas torneiras. “Era um olho no tanque e outro nos livros. Enquanto a água ia chegando eu ia estudando e também olhando se o tanquinho ia vazar”, disse ela.
Sonho adiado
Francisca tinha o sonho de se formar em direito, mas teve que interromper em 1979.
“Em 1975 eu fiz o vestibular, mas em 1979 tive que sair do curso temendo não poder pagar ao Governo Federal o crédito de manutenção do aluno e a anuidade para pagar o curso”, relembrou a mulher.
O tempo passou e a vontade continou a mesma. Ela foi aprovada, mais uma vez, no vestibular e voltou às salas de aula. Ainda assim, precisou superar várias dificuldades.
Família foi contra
A família no início não aprovou a ideia, principalmente pela distância que a idosa teria que percorrer.
“Eu saía daqui antes das 5h. Lá [em Cajazeiras] a gente ficava na igreja, esperando a faculdade abrir. Eu sempre em oração”, contou.
A filha, Kilza Maria, hoje conta que a mãe virou orgulho e inspiração para ela mesma, que pretende em breve seguir o mesmo caminho e entrar na faculdade.
“Devido à idade, devido aos meios de transporte, a gente temia, até por Cajazeiras ser uma cidade bem maior. Tinha também a questão de assalto. Minha mãe é muito solidária, confia em todo mundo. Então a gente se preocupava. Eu particularmente levantei a bandeira. Mas hoje eu já disse a minha filha: ‘o jeito é a gente fazer o curso igual mainha tá fazendo'”, disse muito orgulhosa da mãe.
TCC à mão
Na faculdade, ela foi orientada pelo professor Paulo Júnior. Segundo ele, “dona Francisca sempre foi um farol desde que ela chegou à faculdade”, explicou em entrevista à TV Paraíba. Leia mais no sonoticiaboa
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