Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Lula (PT) resolveu falar, pela primeira vez, sobre as eleições da Venezuela após as reivindicações do grupo de oposição do país que não aceitam a vitória do presidente Nicolás Maduro, conforme aponta o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O chefe do Executivo federal, assim como os adversários de Maduro, defende que sejam apresentadas as atas de votação. O presidente ainda classificou como “normal” o embate entre os candidatos sobre o resultado do pleito.
“É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar”, disse o petista.
As declarações do mandatário brasileiro foram dadas durante entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso, nesta terça-feira, 30.
Para Lula, a oposição tem o direito de não concordar com a recondução de Maduro, mas enfatiza que é necessário “provar que está certo”.
“Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo, o que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo”, afirmou.
Na noite de segunda-feira, 29, a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado garantiu que tem “como provar” a vitória da oposição, representada por Edmundo González sobre Maduro.
“Temos os 73,20% das atas e, com este resultado, o nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia”, disse María Corina. Ainda que o CNE decidisse que 100% dos votos das que [atas] faltam são para Maduro, não seriam suficientes para mudar o resultado”, disse, em pronunciamento.
O CNE, por sua vez, condecora Maduro como vencedor do pleito com 51,2%dos votos nas urnas contra 44% de González, após a abertura das urnas realizada na madrugada de segunda, 29, pelo horário de Brasília.
Durante entrevista, Lula ainda afirmou que a imprensa trata o caso como a “Terceira Guerra Mundial”.
“O Tribunal Eleitoral reconheceu o Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Então, tem um processo. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal”, afirmou. “Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Tem uma eleição, tem uma pessoa que disse que teve 41%, teve outra pessoa que disse que teve 50%, entra na Justiça e a Justiça faz”, acrescentou.
Luladisse que é “obrigação” dos adversários reconhecer o resultado das eleições após a divulgação das atas.
“Na hora que forem apresentadas as atas e for consagrado que as atas são verdadeiras, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela. Maduro sabe perfeitamente bem que quanto mais transparência houver, mais chance de tranquilidade para governar a Venezuela ele terá”, disse.
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