Fenómeno tem efeitos inversos ao El Niño e autoridades se preocupam com o Pantanal
Foto: Nasa
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) comunicou, por meio de boletim divulgado nesta quarta-feira (12), o fim do fenômeno El Niño, que tem como característica principal o aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico equatorial, impactando em mudanças climáticas em todo o mundo. No Brasil, ele contribuiu, desde o início de 2023, para o aumento das ondas de calor acima de média, o clima seco no Norte e Nordeste e aumento das chuvas no Sul
Segundo matéria da Folha de São Paulo, o boletim, que é feito em parceria do Inmet com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e o Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre), analisou os principais efeitos do El Niño no país desde o início de 2023.
“O El Niño deste período foi classificado como de intensidade moderada a forte e, embora não tenha sido o mais intenso já registrado, seus impactos foram significativos e com efeitos variados nas diferentes regiões do país”, destaca o texto.
O monitoramento realizado de junho de 2023 a abril deste ano observou que áreas com seca aumentaram e a gravidade da seca passou de fraca a extrema em algumas áreas da região Norte. No Nordeste ocorreram áreas com seca grave, que retrocederam a partir de março de 2024, mas que atualmente já apresentam chuvas de moderada a forte. No Sul, o principal efeito foram as três grandes enchentes na região, em setembro e novembro de 2023 e maio deste ano, que provocou a maior tragédia do Rio Grande do Sul. No Sudeste, segundo o relatório, já se observam estações meteorológicas em situação de estiagem na bacia do rio Doce, entre Minas Gerais e Espírito Santo, e do rio Paraíba do Sul, em São Paulo.
La Niña
Quem entra em cena agora, ou melhor, a partir de setembro é outro fenômeno que atende pelo nome de La Niña, e que tem o efeito oposto ao El Niño, uma vez que diminui a temperatura das águas do Pacífico. Segundo o instituto, projeções estendidas do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Clima e Sociedade, da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA), indicam a probablidade de 69% para a vinda do fenômeno a partir do nono mês do ano.
Assim, a tendência é ter chuvas acima da média em áreas das regiões Norte e Nordeste, e abaixo da média nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil a partir de outubro. Além disso, outra característica desse fenômeno é provocar frio mais intenso. No entanto, ainda é cedo para tentar prever a intensidade desses efeitos.
“O fenômeno deve se desenvolver na segunda metade deste ano. Então, ainda é difícil saber com precisão, quais serão os impactos na temperatura e nas chuvas, porque isso vai depender de fatores como onde se localizarão as maiores anomalias de temperatura no oceano Pacífico, como será a configuração do oceano Atlântico e outros fatores”, explica Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais).
Um dos locais mais afetados pelo La Niña é o pantanal, no Mato Grosso do Sul, bioma que costuma sofrer com a seca e incêndios florestais. Este ano, já está atraindo a atenção das autoridades climáticas. A bacia do rio Paraguai, formadora do Pantanal, persiste em situação de seca na principal estação de monitoramento, Porto Murtinho.
“Espera-se uma situação de degradação da vegetação e risco alto de incêndios para o período final da estação seca”, afirma Seluchi.
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