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quinta-feira, 28 de março de 2024

Quando a mentira vira transtorno; Psicanalista analisa a mania de mentir

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
Chega o dia primeiro de Abril e com ele as velhas brincadeiras e piadas sobre a mentira. Quem nunca contou uma mentirinha? Mentiras podem ser contadas para esconder ou evitar dores, mágoas ou constrangimentos sociais.

Porém, a mania de mentir pode ser muito mais grave do que parece. Quando ela se torna uma prática frequente, duradoura e incontrolável, passa a ser classificada como Mitomania.

Um transtorno caracterizado pela compulsão de mentir, em que o indivíduo, inconscientemente, mente com grande frequência, pois existe um prazer enraizado na criação de suas próprias histórias.
É comum ter um amigo, parente ou conhecido que sempre inventa uma mentira, uma viagem que não fez ou uma história que nunca aconteceu. E qual seria a razão para esse tipo de comportamento?

Existem dois possíveis motivos para que alguém recorra às mentiras, um deles é o medo. Na grande maioria das vezes, o indivíduo mente porque tem medo de enfrentar a sua própria realidade, ou medo de perder alguém, perder afeto ou reconhecimento. Uma outra razão possível é a ambição.

A causa da Mitomania está relacionada a transtornos de personalidade, doenças neurológicas ou psiquiátricas, mas nem sempre está ligado a alguma doença. E o que vai diferenciar este transtorno de uma simples mentira, é a intensidade e a frequência. Quando mais se mente, mas sente a necessidade de mentir.

Fazendo elos entre as histórias inventadas. Como consequência, temos as complicações nos relacionamentos pessoais e profissionais. Além disso, quando são descobertas as mentiras é comum que o afastamento do mitomaníaco ocorra por pessoas próximas, fazendo com que este sinta-se rejeitado, agravando ainda mais seu quadro psíquico.

O transtorno pode ser tratado, mas os métodos utilizados no tratamento, dependem da gravidade do quadro do paciente. Antes de se controlar a mitomania, o indivíduo deve passar por uma investigação terapêutica que irá identificar as doenças psiquiátricas que possam estar associadas a este transtorno.

Motivo pelo qual, a terapia é fundamental para tratar a mitomania. Em alguns casos onde os níveis estão elevados, também é indicado o uso de intervenção medicamentosa. Os antidepressivos entram com a função de reforçar a confiança e autoestima desse indivíduo, bloqueando a necessidade de aceitação e eliminando as angústias oriundas pelo sentimento de rejeição.

Portanto, a incapacidade de enfrentamento da realidade, desencadeia neste ser humano sentimentos de negação, contribuindo para que a mentira seja uma muleta em sua vida, construída a partir das fantasias criadas. A medida que percebem os “falsos ganhos” com este comportamento, passam a alimentar suas mentiras compulsivamente.

Seu maior objetivo é levar a atenção do outro para longe da realidade em que vivem. Por isso, dizemos que o mitomaníaco acredita em sua própria mentira. Quem sofre com a mentira patológica, apresenta transtornos de personalidade narcisista e anti-social.

Quando tratadas prematuramente, essas características, notadas a partir de observações criteriosas, diminuem o risco de evolução da doença.

Dra. Andrea Ladislau / Psicanalista
Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro. Contatos: Instagram: @dra.andrealadislau

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