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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Pesquisa da FGV aponta que políticas públicas melhoram a saúde dos bebês

Pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas mostraram em um estudo como algumas políticas públicas podem ser cruciais para a saúde de gestantes e recém-nascidos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que se um bebê nasce com menos de 2.500 g está enquadrado como “baixo peso” e apresenta fator de risco para inúmeras complicações no futuro. Foto: Reprodução Redes Sociais

A pesquisa da FGV denominada de “Climate adaptation policies and infant health: Evidence from a water policy in Brazil”, da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP) relatou que as gestantes da região do Semiárido que são beneficiadas pelo Programa Cisternas possuem maiores chances de dar à luz crianças mais saudáveis.

“A cada semana que as gestantes são expostas a esse Programa são somados mais 2 gramas de peso no bebê que está para nascer”, comenta o pesquisador que coordenou a pesquisa, Daniel da Mata.

À primeira vista, Da Mata explica que esse aumento de peso pode não chamar atenção, mas levando em consideração o tempo total de uma gravidez, se a mulher tiver contato com o Programa desde o início da gestação, isso significa mais 80 gramas no peso do recém-nascido.

“Através de análises econométricas, comparando as gestantes que tiveram contato com o Programa Cisternas desde o início, com aquelas que foram expostas somente em poucas semanas, identificamos que, quanto maior for o acesso às cisternas, maior será o peso do recém-nascido”, afirma o pesquisador.

Da Mata relembra também que devido a vulnerabilidades climáticas o Semiárido brasileiro tem sido espaço para criação de diferentes políticas públicas que buscam gerar desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida para a população que habita a região. Ele comenta que o interesse em estudar o Programa Cisternas, principalmente o recorte “Primeira Água”, que diz respeito à construção desses equipamentos nas residências de comunidades do Semiárido, está relacionado ao impacto que essa política pública pode ocasionar.

“A gestante que passa a contar com uma cisterna em casa não vai mais precisar caminhar longos trajetos em busca de água de poços e açudes. Diversos estudos na literatura acadêmica reforçam que o esforço físico extremo aumenta os riscos neonatais. Por isso, esse Programa, ao evitar que a mulher precise buscar água diariamente em locais distantes e sob altas temperaturas, acaba por promover a saúde do recém-nascido”, contou o pesquisador.

De acordo com Da Mata, o benefício ocasionado na saúde das gestantes é um fato curioso, visto que elas não fazem parte do grupo prioritário do Cisternas, que engloba crianças e idosos.

“Talvez nossa pesquisa possa servir de evidência para ampliar o público prioritário desse Programa, pois estamos falando de uma política pública relativamente barata, visto que o custo de produção e implementação dos equipamentos não são caros, mas que traz um benefício significativo para a saúde infantil”, apontou.

O pesquisador ainda acredita que pesquisas como esta são úteis para identificar se uma determinada política pública é eficaz, como ela funciona e por que ela funciona.

“Tendo em vista que o público-alvo de boa parte das políticas públicas, como o Programa Cisternas, são populações vulneráveis, é possível medir o quanto um gasto público está sendo efetivo para impactar na vida dessas pessoas. Sendo assim, as mesmas técnicas aplicadas a um programa podem ser aplicadas em outras políticas públicas existentes ou novas", concluiu.

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