por Anderson Ramos / Gabriel Lopes / BN
Imagem ilustrativa | Foto: Divulgação/Senado Notícias
A discussão sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil continua dividindo opiniões. Aprovado pela comissão especial do Marco Regulatório dos Jogos em 2016, a expectativa é que o projeto de lei enfim seja votado na Câmara dos Deputados. Relator do grupo de trabalho sobre o Marco Regulatório, o deputado baiano Bacelar (Podemos) acredita que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), deve pautar a matéria ainda na primeira quinzena de dezembro.
"Temos um compromisso com o presidente Arthur Lira de entregar a revisão do projeto de lei até o último dia de novembro e acredito que o presidente reunindo as condições políticas, na primeira quinzena de dezembro a Câmara vote esse projeto", declarou Bacelar em conversa com o Bahia Notícias.
Mesmo a matéria ainda sendo controversa, segundo o deputado todas as modalidades e formas de jogos existentes serão legalizadas caso seja aprovada. Para defender a legalização dos jogos de azar, Bacelar cita o potencial de arrecadação para o país. Em sua avaliação, cerca de "R$ 15 bilhões, 600 mil empregos e incremento para o turismo" serão incentivados com a movimentação.
"Acima de tudo é proteção para o cidadão. Hoje no Brasil temos 500 plataformas estrangeiras permitindo qualquer espécie de jogo, uma criança que entre agora na internet pode entrar em qualquer cassino desde que use o CPF do pai e não tem nenhuma proteção. O jogo temos que regular, fiscalizar e depurar para dar segurança ao cidadão", argumenta o parlamentar, que também é presidente da Comissão do Turismo na Câmara.
A exploração dos jogos de azar é considerada contravenção penal desde 1941, por decreto-lei assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. A intenção do Congresso agora é regularizar um setor que, mesmo proibido, não para de crescer.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a dizer à revista Veja que não apoia a legalização e, que caso seja aprovado, vai vetar o projeto. A fala de Bolsonaro é tida como afagos à base evangélica de seus apoiadores, que de modo geral se opõe a essa prática.
Com a criação do grupo de trabalho, a Câmara espera atualizar a proposta do marco regulatório, incluindo várias modalidades na legalização. Já no Senado, propostas específicas sobre cassinos se desenvolveram nos últimos meses, mas ainda aguardam relatório. Atual ministro da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP), tem um projeto que regulamenta jogo do bicho, bingo, jogos eletrônicos, cassinos em resorts e outros.
Há, ainda, a expectativa que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue uma ação para estabelecer se a proibição dos jogos de azar continua válida. O processo foi pautado este ano, mas ainda não há previsão para julgamento.
Outro desafio enfrentado pelos congressistas é a negativa de instituições como a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) contra a legalização.
Com posicionamento definido, a Anfip diz que "os efeitos deletérios resultantes da jogatina superam qualquer possível ganho econômico advindo da prática, que além de estimular atividades ilícitas como corrupção, prostituição, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, pode causar sérios danos à saúde, desencadeando doenças como a ludopatia - transtorno compulsivo patológico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), causado pelo vício em jogos", afirma a associação.
Ainda de acordo com a Anfip, sua defesa é ao movimento Brasil Sem Azar (BSA) é clara e "registra o compromisso de promover estudos e análises sobre o tema em parceria com a Fundação ANFIP".
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