por Fernando Duarte / BN
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, apresentou o nome de ACM Neto como um potencial candidato do DEM à presidência da República. Para o prefeito de Salvador, foi uma excelente publicidade positiva, devido à visibilidade do correligionário. Porém esse é o tipo de cavalo que, mesmo que passe selado, ACM Neto não deve aproveitar. Sob o risco de não atingir um objetivo almejado há tempos e jamais negado: ser governador da Bahia. Por isso, a fala de Rodrigo Maia não passa de uma cortina de fumaça. Relevante, mas pouco provável.
O DEM almeja participar da disputa eleitoral em 2022 com maior protagonismo do que nos anos recentes. Tanto com a cabeça de chapa, tendo o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, como opção, ou com uma vice. No campo das especulações até mesmo o nome do ex-juiz Sérgio Moro já foi cogitado. ACM Neto, no entanto, nunca esteve como um jogador disponível para entrar nessa partida. Colocar o carro na frente dos bois nunca foi muito o perfil do herdeiro do carlismo. E ele tem razão.
Ao concluir o ciclo de oito anos à frente da prefeitura de Salvador, ACM Neto tem todos os motivos do mundo para tentar a candidatura ao governo da Bahia. Até aqui bem avaliado pela população e com grandes chances de eleger o seu sucessor, o gestor terá dois anos para se dedicar à consolidação do próprio nome como alternativa viável ao PT, que estará há 16 anos no poder. Em 2018, o prefeito esteve por um fio de disputar contra a reeleição de Rui Costa e preferiu colocar o “sonho” na geladeira para evitar uma derrota relativamente previsível.
Em 2022, a situação será diferente. Sem tradição na formação de novas lideranças, o PT da Bahia discute até mesmo colocar o nome do senador Jaques Wagner para a disputa pelo governo. A falta de um adversário claro coloca ACM Neto no que o jargão do empreendedorismo chamaria de “mar azul”, contra as difíceis chances de dois anos atrás. Mesmo que haja o embate entre Neto e Wagner, as condições seriam menos desfavoráveis ao democrata.
Agora a declaração de Rodrigo Maia levantou uma piada interessante. Como Rui Costa é citado como potencial candidato do PT ao Palácio do Planalto, imagine se ACM Neto sai como adversário e a disputa adiada em 2018 acontece no plano nacional? A sorte que o exercício de divagação não precisa ir muito longe. Nem ACM Neto deve tentar a presidência, nem o PT deve dar legenda a Rui. Mesmo que existam pessoas a dizer o contrário.
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