Foto: Reprodução / Metrópoles
O homem que vendeu a loja de chocolates para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) afirma que foi ameaçado ao tentar fazer a denúncia de que Flávio fraudava notas fiscais. A loja do senador é alvo de investigação de lavagem de dinheiro. A reportagem é de Arthur Guimarães e Paulo Renato Soares. BN
Flávio Bolsonaro é dono da loja de chocolates em um shopping na Barra da Tijuca desde 2015. Ele comprou o estabelecimento do empresário Cristiano Correia Souza e Silva, que já tinha uma loja da mesma franquia num outro shopping no mesmo bairro.
Na investigação da rachadinha, o Ministério Público chamou Cristiano para prestar depoimento. O Jornal Nacional teve acesso ao que ele disse. O empresário contou que, no Natal de 2016, soube por clientes que a loja de Flávio Bolsonaro estaria vendendo produtos abaixo da tabela da Kopenhagen. Panetones, por exemplo, eram vendidos a R$ 80 quando deveriam custar R$ 100.
Cristiano disse que a prática significa uma infração contratual e, por isso, entrou em contato com a matriz, que, segundo ele, fez uma fiscalização e constatou a operação ocorria com emissão de nota fiscal com o preço cheio, mas o cliente pagava um valor menor, segundo o Jornal Nacional da TV Globo.
Cristiano disse ainda que uma consultora da Kopenhagen filmou uma venda com preço menor com o próprio telefone. A Kopenhagen confirmou ao Jornal Nacional que comprovou a denúncia e informou ainda que a loja de Flávio foi advertida e multada por causa da promoção.
As informações obtidas pelo Jornal Nacional reforçam a hipótese do Ministério Público de que havia uma engrenagem montada para esquentar dinheiro na loja de chocolates. Os promotores já apontaram no inquérito que existe uma forte suspeita de que parte dos recursos desviados da Assembleia Legislativa do Rio no esquema da rachadinha tenha sido lavada na loja de chocolates.
Os investigadores afirmam que a loja recebia mais dinheiro vivo do que outras franqueadas, em média. Os pagamentos em espécie permaneciam constantes mesmo em períodos de aumento das vendas, como a Páscoa.
O Ministério Público diz que Flávio Bolsonaro e a mulher dele, Fernanda Bolsonaro, investiram mais de R$ 1 milhão na compra da loja. Valores que, segundo os promotores, não seriam compatíveis com a renda do casal.
A mulher de Flávio não aparece como dona, mas os investigadores descobriram que saíram da conta dela R$ 350 mil para o negócio.
No papel, Flávio Bolsonaro tem outra pessoa como sócia: Alexandre Ferreira Dias Santini, que o MP afirma ser um laranja do casal. O documento obtido pelo JN mostra que Santini é acusado de intimidar a mulher do ex-dono da loja que denunciou a fraude nas notas fiscais.
Cristiano Silva contou ao MP que ele e a mulher receberam ameaças por e-mail depois que a denúncia chegou ao grupo de conversas dos franqueados da Kopenhagen.
O empresário disse ainda que, no dia 23 de dezembro de 2016, Santini também enviou pelo aplicativo de mensagens uma imagem para a mulher dele de pessoas sendo enforcadas. Eles disseram ao Ministério Público que ficaram assustados e registraram uma ocorrência policial. Mas depois o casal não deu andamento ao caso porque ficou com medo.
O senador Flávio Bolsonaro não explicou a denúncia da loja de chocolates. Disse que os promotores do Rio buscam atacar a imagem pública dele e que espera que a Procuradoria-Geral de Justiça do Rio instaure procedimento para apurar a conduta dos promotores por violação de sigilo profissional num processo que deveria correr em segredo de Justiça.
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