Foto: Reprodução / TV Globo
O procurador-geral da República, Augusto Aras, deu prazo de dez dias para que delatores da J&F esclareçam pagamentos feitos pela empresa ao advogado Frederick Wassef, que trabalhou para a família do presidente Jair Bolsonaro.
O escritório de advocacia Wassef & Sonnenburg recebeu, segundo a TV Globo apurou, R$ 9,8 milhões entre os anos de 2015 e 2020. As movimentações financeiras foram identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de acordo com o G1.
O prazo fixado por Aras é uma etapa da apuração preliminar aberta na semana passada pela PGR para saber se esses pagamentos tiveram efeito no acordo de colaboração premiada firmado pela procuradoria com os executivos da empresa.
A partir dos esclarecimentos apresentados pelos delatores, Aras pode decidir reforçar o pedido de rescisão dos acordos de colaboração que está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2019, o procurador-geral defendeu a rescisão do acordo, firmado em 2017, e se posicionou contra uma renegociação com os delatores. Os dois procuradores-gerais anteriores a Aras, Rodrigo Janot e Raquel Dodge, também defenderam a rescisão.
Wassef é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, e os repasses da empresa para seu escritório foram revelados pela revista "Crusoé" na semana passada.
Segundo a revista, o presidente Jair Bolsonaro teria pedido a Aras para que o procurador conversasse com Wassef sobre o acordo de colaboração da J&F.
A PGR afirmou que Aras não recebeu nenhuma solicitação de Bolsonaro e "não participou de nenhum dos contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo de colaboração premiada da JBS com envolvimento do advogado Frederick Wassef".
Em nota, o advogado Frederick Wasseff negou ter tratado qualquer tema relacionado à JBS com o procurador Augusto Aras e disse que não atuou junto à PGR em nome da J&F no fim de 2019.
A J&F informou que o escritório de Wassef não representa nem se manifesta em nome da companhia junto à PGR, que os serviços prestados foram em inquéritos na esfera policial e que esses serviços foram pagos com a emissão de notas fiscais. A empresa disse ainda que os valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal.
Frederick Wassef se apresentava como advogado do presidente Jair Bolsonaro e costumava frequentar o Palácio do Planalto. Ele também trabalhou na defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente, no caso das chamadas "rachadinhas" (confisco de parcela dos salários de assessores do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio).
Fabricio Queiroz, suposto operador do esquema das "rachadinhas" e ex-assessor de Flávio Bolsonaro, foi preso pela Polícia Federal em uma casa de Wassef, em Atibaia (SP).
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