Foto: Erasmo Salomão / MS
O ministro da Saúde interino, Eduardo Pazuello, afirmou neste sábado (13) que fazer a triagem da população é mais importante do que manter o isolamento social.
“O que é mais importante do que discutir o grau do isolamento e se vai haver isolamento ou não é a necessidade de triagem”, afirmou, em entrevista à CNN. Na avaliação dele, não existe “isolamento 100%”.
Pazuello detalhou que a triagem é feita com medição de temperatura, de oxigenação e pressão. “Além disso pode ser feita anamnese [análise clínica].”
Segundo ele, o grau de distanciamento fica a critério dos governadores e prefeitos. “Às vezes dentro da própria cidade tem locais que precisam estar isolados e outros mais abertos.”
O ministro também defendeu que a cloroquina, remédio utilizado em tratamento de doenças como malária, reumatismo e lúpus, seja utilizado conforme orientação médica.
“O protocolo é padrão para todos os medicamentos, quem tem que dizer qual é o medicamento adequado é o médico”, disse.
Em 20 de maio, já sob o comando de Pazuello, o Ministério da Saúde alterou o protocolo para ampliar seu uso também por pacientes com sintomas leves de Covid-19, apesar da falta de evidências científicas sobre a eficácia no tratamento do vírus.
Até então, a permissão era para pacientes graves e críticos e com monitoramento em hospitais.
A dois dias de completar um mês como interino da pasta, Pazuello afirmou que não espera ser efetivado. Segundo ele, a ideia é que ele e os 17 militares alocados no Ministério da Saúde retornem à Defesa depois de 90 dias.
“Todos os militares devem retornar em 90 dias. Pode ser prorrogado? Pode. Vamos ficar o tempo que for necessário, mas não estou trabalhando para ser efetivado”, reforçou.
De acordo com Pazuello, os secretários de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos e de Atenção Primária à Saúde serão nomeados na próxima semana.
O ministro declarou que a mudança na metodologia de publicação dos dados sobre a Covid-19 não altera o registro de mortos ou de diagnosticados.
“A primeira coisa que a gente tem que entender é que a metodologia de contagem não altera o número de óbitos, não é mudança de metodologia, a gente precisava aprofundar os dados”, alegou.
Segundo ele, a pasta continuará com a publicação de novos casos e mortes em 24 horas e os registros acumulados.
“Vamos colocar também os óbitos nos dias que eles aconteceram para que a curva fique mais homogênea, de forma mais clara”, argumentou.
Estimativa feita pela Folha de S.Paulo, no entanto, mostrou que pelo menos 44% das mortes por Covid-19 ficariam de fora do balanço com a nova metodologia.
A nova metodologia ainda não foi implementada pelo Ministério da Saúde.
Na semana passada, o governo atrasou a divulgação dos balanços oficiais para depois das 22h e o presidente Bolsonaro disse que, com isso, “acabou matéria no Jornal Nacional”. Após forte pressão, houve recuo do governo, o site voltou a funcionar e os balanços estão sendo divulgados no final da tarde.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o portal do Ministério da Saúde, que reúne dados sobre a epidemia, voltasse a informar o total de mortes e casos acumulados até o momento.
Como resposta a atitudes recentes do governo Jair Bolsonaro, que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou informações do ar, deixou de divulgar totais de casos e mortes e divulgou informações conflitantes, foi criado um consórcio de veículos de imprensa para compilar e divulgar os dados sobre Covid-19.
Participam do consórcio a Folha, O Estado de S. Paulo, o Extra, O Globo, o G1 e o UOL. O levantamento é feito com a coleta de dados das Secretarias de Saúde dos estados.
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