Não são poucas as motivações do governo Bolsonaro para evitar a divulgação do vídeo citado pelo ex-ministro Sergio Moro em seu depoimento, no último sábado (2). Autoridades presentes na reunião confirmaram à coluna que o presidente falou sobre a troca de comando da Polícia Federal. Mas os problemas não param por aí.
Segundo presentes, Bolsonaro estava de “péssimo humor” e deu uma bronca generalizada nos ministros, falando que poderia demitir qualquer um, inclusive o ministro da Justiça, que na época era Sergio Moro. A ameaça de demissão foi feita quando o presidente abordou a troca comando da PF no Rio na direção-geral do órgão.
Aliados do presidente afirmaram também que outro momento tenso com Moro foi quando Bolsonaro se queixou das prisões de pessoas que estavam em lugares vetados por causa da pandemia do coronavírus. Além do embate com o ex-ministro da Justiça, a reunião também teve muitos palavrões falados por Bolsonaro e críticas à China feitas por parte dos presentes.
Em um pedido encaminhado na quarta-feira (6) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reconsiderar a entrega do vídeo, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que, no referido encontro, "foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros". A reunião também teve uma discussão acalorada entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).
A ala militar avalia que a publicação do vídeo seria muito ruim, pois passaria a imagem de “desarmonia” entre integrantes do governo Bolsonaro. Apesar dos relatos, aliados do presidente tem amenizado o tom da encontro, afirmado que “não viram crime na fala de Bolsonaro” e que o desejo do presidente de trocar o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, já era público.
A gravação, que Moro não detém, é uma das provas apontadas pelo ex-ministro no inquérito que apura interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, como revelou o jornal O Globo. (Bela Megale)
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