Em ritmo acelerado, a ocupação dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por pacientes infectados pelo novo coronavírus se aproxima do colapso em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Amazonas. Junto com Pernambuco, esses quatro estados têm os mais altos números de casos confirmados e de mortes pela Covid-19 no país, de acordo com números divulgados ontem pelo Ministério da Saúde. São cerca de 26,7 mil pessoas infectadas e dois mil óbitos. Mais da metade das mortes ocorreu em território paulista.
Na cidade do Rio, os leitos de UTI disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) chegaram a 94% da ocupação ontem, quando havia 951 pessoas hospitalizadas em toda a rede pública, 256 delas sob cuidados intensivos — a oferta é de 270 vagas. No estado, considerados todos os tipos de atendimentos, a ocupação dos leitos de enfermaria era de 60% e a da UTI, 74%.
Diante da proximidade da lotação, a prefeitura do Rio e o governo estadual correm contra o tempo para entregar hospitais de campanha. Ontem, foram concluídas as obras do espaço no Riocento, na Zona Oeste, que terá 500 leitos.
Na rede estadual, a maior lotação está atualmente no Instituto Estadual do Cérebro, com 90,9% de ocupação das UTIs. Em seguida, vem o Hospital Universitário Pedro Ernesto, com 66,6% das vagas em UTI com pacientes.
Em São Paulo, onde a marca de mil mortes foi ultrapassada ontem, há cinco hospitais com alta lotação nas UTIs. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital, tem 100% desses leitos ocupados por pessoas acometidas pelo vírus. A situação chegou a esse patamar na semana passada e continuava assim até ontem, conforme a instituição. A ocupação atual dos leitos da enfermaria é de 96%.
O Hospital das Clínicas, também na capital paulista, está com 90% dos leitos de UTI ocupados, todos eles com pacientes com Covid-19. São 181 doentes para 200 leitos. A ocupação cresceu desde sexta-feira, quando o índice era de lotação era de 84%. Os leitos de enfermaria, no entanto, tiveram um alívio: a taxa de ocupação registrada na sexta-feira (50%) caiu consideravelmente ontem (21%).
O Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas são dois dos três hospitais mais ocupados por pacientes com Covid-19 na rede pública paulista. Completa a lista o Hospital Estadual Mário Covas, de Santo André, na Grande São Paulo, que tinha ocupação de 89% na UTI e de 56% na enfermaria na sexta-feira. Procurada pela reportagem, a instituição não respondeu sobre o patamar atual.
Com o sistema de atendimento no limite, o Ceará está contabilizando uma lista de pacientes graves que aguardam vaga em UTI. Até sexta-feira, havia 38 pessoas nessa condição. No Hospital Leonardo da Vinci, em Fortaleza, somente duas das 28 vagas em UTI estavam disponíveis ontem à noite, de acordo com dados do IntegraSus.
O esgotamento já é realidade no Hospital Batista Memorial, que é privado mas teve a gestão assumida pelo governo estadual e está atendendo via SUS. Ontem, os sete leitos de UTI do local estavam lotados e já havia pacientes à espera de atendimento.
— A lotação ocorreu em tempo recorde — afirmou um dos coordenadores da unidade, que pediu para não ser identificado.
No Amazonas, o governo do estado informou na última quinta-feira que quase 90% do total de leitos estavam ocupados e admitiu que a Saúde do estado já apresenta insuficiência frente à Covid-19.
No sábado, o Hospital de Retaguarda da Nilton Lins, em Manaus, foi aberto e passou a funcionar como unidade de referência no estado. A unidade, no entanto, apresenta falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), medicamentos e equipamentos para estruturação de leitos de UTI, conforme constatou uma inspeção do Ministério Público do Amazonas. *OGlobo
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