Afonso Ferreira***Do UOL, em São Paulo
Reformar a Previdência é um dos grandes desafios que se apresentam ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O futuro ministro da área econômica, Paulo Guedes, afirmou que deve propor um novo modelo de aposentadoria, além de apoiar as mudanças enviadas ao Congresso pelo governo Michel Temer.
A proposta de Guedes seria substituir o modelo atual de repartição –no qual os trabalhadores da ativa bancam a aposentadoria dos mais velhos– por um modelo de capitalização –em que cada trabalhador faz a própria poupança, que é depositada em uma conta individual.
A equipe de Bolsonaro ainda não informou como funcionaria o novo modelo nem como seria a transição. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a nova proposta poderia zerar o rombo na Previdência, mas também haveria o risco de pagar aposentadorias muito baixas. Veja abaixo aspectos positivos e negativos da capitalização e como poderia ser a mudança.
Quais as vantagens e desvantagens da capitalização?
Mudar a Previdência para o sistema de capitalização poderia zerar o rombo no longo prazo, já que cada trabalhador recebe o que junta ao longo da vida, segundo Carlos Heitor Campani, professor do Instituto Coppead de Administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Porém, no curto prazo, geraria um custo muito alto para financiar a aposentadoria de quem está no sistema hoje. "Fiz um cálculo há um ano e meio, e o custo dessa transição seria da grandeza de um PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro. É como se em um ano de trabalho toda a riqueza que o Brasil gerasse fosse apenas para financiar a mudança do sistema previdenciário", disse.
Outro problema seria o baixo valor das aposentadorias. No Chile, um dos primeiros a implantar o modelo de capitalização no início da década de 1980, muitos reclamam que o valor pago é menor que um salário mínimo. Isso levou o governo chileno a criar um fundo estatal para garantir uma pensão mínima para quem não contribuiu com o sistema.
"No Brasil, há muitos trabalhadores rurais e informais que não têm uma renda regular. Pode ser que eles cheguem à idade de se aposentar e não tenham dinheiro suficiente para se manter", afirmou Kaizô Beltrão, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV-Rio. Leia tudo em https://noticias.bol.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário