Os cientistas podem ter encontrado um uso positivo para a zika. Enquanto o vírus pode causar danos devastadores aos fetos em desenvolvimento durante a gravidez, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Washington e da Universidade da Califórnia acreditam que ele também pode ser usado para tratar glioblastoma, um tumor maligno que afeta o cérebro. O estudo foi publicado nesta terça-feira (5) no "The Journal of Experimental Medicine". O vírus da zika é conhecido por infectar e matar as células do cérebro dos fetos, causando microcefalia e outras malformações. O que os especialistas acreditam é que esse mecanismo pode ser direcionado para os tumores. O zika poderia aumentar as chances de sobrevivência de pacientes com câncer no cérebro - que mata, muitas vezes, um ano após o diagnóstico. "Nós mostramos que o vírus da zika pode matar as células do glioblastoma que têm tendência a resistir aos tratamentos atuais e que levam à morte", disse Michael S. Diamond, professor na Faculdade de Medicina na Universidade de Washington e autor da pesquisa. Apenas nos Estados Unidos, cerca de 120 mil pacientes são diagnosticados com o glioblastoma, que também é a forma mais comum de câncer no cérebro. O senador John McCain, por exemplo, é uma das pessoas com a doença, descoberta em julho deste ano. No Brasil, são 120 mil casos por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.
Os testes
Os cientistas testaram se o vírus de fato poderia matar as células-tronco em tumores removidos dos pacientes com o diagnóstico do câncer maligno. Eles infectaram os cancros com duas cepas do zika: as duas se espalharam pelas células causadoras da doença, evitando em grande parte o crescimento do tumor. A pesquisa sugere, no entanto, que um futuro tratamento direcionado usando o zika deveria ser complementado com os tratamentos tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia. Isso é necessário porque o vírus ataca as células-tronco cancerígenas, mas ignora a maior parte do tumor. "Vemos que o zika um dia será usado junto com terapias atuais para erradicar todo o câncer", disse Milan G. Chheda, coautor do artigo e também professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington. O grupo também realizou testes em camundongos para ver a reação em animais vivos. Eles injetaram o zika diretamente nos tumores de 18 roedores. Outros 15 receberam como placebo a inserção de água salgada. O câncer diminuiu "significatimente", de acordo com o estudo, duas semanas após a injeção do vírus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário