Foto: Divulgação/ TV Globo
O jornalista William Waack quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre a demissão da Rede Globo, após o vídeo em que foi flagrado proferindo uma fala racista (entenda aqui e aqui). Em artigo para o jornal Folha de S. Paulo, Waack negou ser racista. “Durante toda a minha vida, combati intolerância de qualquer tipo —racial, inclusive—, e minha vida profissional e pessoal é prova eloquente disso. Autorizado por ela, faço aqui uso das palavras da jornalista Glória Maria, que foi bastante perseguida por intolerantes em redes sociais por ter dito em público: ‘Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português’, escreveu o jornalista. Ainda de acordo com ele, o comentário que o fez perder o emprego foi uma “brincadeira". “Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão." No artigo, Waack ainda admite existir racismo no Brasil e diz ter amigos negros. “Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos. Igualmente não os distingo segundo a religião —ou pelo que dizem sobre política”, defendeu. Para o jornalista, sua demissão ocorreu porque a “mídia tradicional” tem cedido à “gritaria dos grupos organizados” para, segundo ele, “proteger a própria imagem institucional”. “Entender esse fenômeno parece estar além da capacidade de empresas da dita ‘mídia tradicional’. Julgam que ceder à gritaria dos grupos organizados ajuda a proteger a própria imagem institucional, ignorando que obtêm o resultado inverso (o interesse comercial inerente a essa preocupação me parece legítimo)”, critica. No artigo, o ex-global também sugere que o posicionamento dos veículos é motivado por “covardia”. “Por falta de visão estratégica ou covardia, ou ambas, tornam-se reféns das redes mobilizadas, parte delas alinhada com o que "donos" de outras agendas políticas definem como "correto". Ao fim do texto, Waack faz um reflexão sobre o que considera ter sido “piada”. “Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento”. E conclui: “Tenho 48 anos de profissão. Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui”.
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