Foto: José Cruz / Agência Brasil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avaliou que a Câmara dos Deputados não barrou a denúncia contra o presidente Michel Temer, na última quarta-feira (2). "A Câmara faz um julgamento político de conveniência sobre a época do processamento penal do presidente. Fiz meu papel, cada instituição tem que fazer o seu. A Câmara entendeu que não era convenientemente o momento para o processamento do presidente. Que a Câmara agora arque com as consequências", disse. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em que Janot garantiu que a denúncia será usada para processar o presidente quando ele terminar o mandato. O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, apontado como intermediário de Temer e a JBS, também deverá responder por corrupção e obstrução de Justiça. Loures foi filmado recebendo R$ 500 mil do frigorífico, que seriam destinados ao peemedebista. A confirmação de que Temer recebeu o montante não consta na denúncia, mas Janot explicou que não é necessário. "O crime de corrupção não precisa de você receber o dinheiro, é aceitar ou designar a proposta. Receber o dinheiro é a chapada do crime de corrupção. Se a gente não vive em um país de carochinha, uma pessoa que designa um larnaja para acertar acordo ilícito, que acerta a propina e recebe a mala, vou exigir que a pessoa que designou o laranja receba pessoalmente o dinheiro". Janot afirmou que está preparando uma segunda denúncia contra Temer, que pode tomar dois caminhos: obstrução de justiça e organização criminosa. Durante a entrevista, Janot explicou também que pediu deslocamento de Temer da investigação de organização criminosa do inquérito da JBS para o do "quadrilhão" do PMDB da Câmara, porque o presidente só pode ser investigado por atos praticados durante o exercício do mandato. "O crime de integrar organização criminosa é permanente, então essa investigação tem que ficar permanentemente atenta para saber se a organização existe ou não, está em atividade ou não. Com esses últimos fatos [da JBS], a gente viu que a organização criminosa continua em plena e total atividade", observou. Janot evitou falar sobre os acordos de colaboração que estão em curso, mas disse que uma figura como Eduardo Cunha teria que entregar gente do nível dele pra cima, para que efetivasse o acordo. Janot disse ainda que o Ministério Público não deve levar em conta fatores econômicos, políticos, sociais, antropológicos ou aristocráticos. "A solução para esse imbróglio só tem uma saída e é política. Agora, saída política não é você considerar bandido como político. O bandido que se esconde atrás do manto político não é político, é bandido", observou, emendando que não se refere a Temer como um bandido. BN
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