por Valmar Hupsel Filho | Estadão Conteúdo
Foto: Arquivo PSB
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse nesta terça-feira (18) que, ao agir diretamente para atrair parlamentares pessebistas para seu partido, o presidente Michel Temer está confundindo a presidência da República com a do PMDB. Segundo ele, Temer deveria se preocupar mais em governar o País do que se dedicar a questões partidárias visando "salvar a própria pele". "O país está afogado em uma crise monumental que nós todos sabemos, de desemprego, recessão e de natureza ética sem precedente. E o presidente da República deveria estar envolvido na solução desses problemas em vez de se dedicar à solução de problemas partidários visando salvar a sua própria pele. Isso nos deixa triste porque, gostemos ou não, ele é o presidente da República, mas salvar a pele talvez seja o objetivo maior dele e não resolver os problemas do País", disse. Nos últimos dias Temer entrou pessoalmente na articulação política para convencer deputados dissidentes pessebistas a migrarem para o PMDB. É uma forma de impedir que eles sejam atraídos para o DEM, fortalecendo assim o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), seu eventual sucessor em caso de afastamento. Nesta terça-feira, Temer esteve na casa da deputada Tereza Cristina (MS), líder do PSB na Câmara, para um café da manhã com outros quatro deputados do partido. Para Siqueira, "surpreende" o fato de o presidente da República deixar seus afazeres para tratar de questões partidárias. "Um presidente da República tratar de cooptação de deputado na casa de uma deputada não é propriamente uma agenda de presidente da República. É uma agenda de chefe de partido. Se fosse o Romero Jucá (presidente nacional do PMDB) a gente até compreenderia", disse. "Ele (Temer) não saiu da presidência do PMDB. Confunde a presidência da República com a presidência do PMDB", completou. O presidente nacional do PSB disse que o partido já definiu seu posicionamento favorável ao afastamento de Temer e por eleições diretas. A posição, segundo ele, foi decidida por unanimidade entre as principais lideranças do partido em 20 de maio, três dias após a divulgação dos áudios das conversas entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. "O PSB assinou pedido de impeachment ao lado de outros partidos. Foi uma decisão unânime e com quórum qualificado, na presença dos três governadores, do vice-governador de São Paulo, de deputados e senadores. A posição do partido está adotada e é favorável à denúncia. Não há dúvida em relação a isso ou necessidade de revisar essa posição", disse. Ele afirma que a bancada do PSB, formada por 36 deputados, terá "ampla maioria" a favor da denúncia na votação em plenário, no próximo dia 2 de agosto. E minimiza a existência de dissidentes no partido. Siqueira disse que falou com Tereza Cristina na semana passada e com outros deputados e nenhum deles falou em deixar o PSB. "Esse assunto de ingressar ou sair do partido é pessoal e intransferível, mas ainda não me falaram nada. Alguns deputados que a imprensa diz que são dissidentes, aliás, nos dizem que podem mudar o voto", afirmou. A reportagem tentou contato com a deputada Tereza Cristina mas ela não atendeu ao telefone. Segundo Siqueira, o PSB não deve adotar qualquer punição ao parlamentar que votar a favor de Temer, contra o posicionamento do partido. "A melhor punição que é o julgamento de seus próprios eleitores. Eles (deputados) têm que ser responsáveis pelos seus atos. Como diz o ditado, as consequências vêm sempre depois", disse.
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