por Breno Pires e Isadora Peron | Estadão Conteúdo*Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR), apontando indícios de que o peemedebista possa ter recebido verba pública desviada de contrato de publicidade dos Correios com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT). O relator, a quem caberá autorizar ou não a abertura do inquérito e as providências já pedidas, é o ministro Dias Toffoli. A suspeita da prática de peculato e corrupção passiva por parte do senador surgiu durante uma investigação em São Paulo sobre ilícitos na Confederação Brasileira de Tênis, após uma ex-contadora da CBT, Katia Maria Freitas Mueller, apresentar aos investigadores, no fim de 2014, uma folha de papel onde se lia: "contato em Brasília: - 1 verba que vai direto para um senador". A anotação havia sido feita por Marisa de Souza Alija Ramos, advogada da ex-contadora da CBT. Procurada na investigação para esclarecimento, a advogada disse, em 2016, que o senador em questão é Romero Jucá, que teria sido beneficiado por meio de um ex-assessor chamado Alexandre Jardim - que trabalhou com Jucá no Ministério da Previdência Social, no governo Lula, e também no Senado, de 2005 a 2009. Devido à citação a um parlamentar, o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. De acordo com relatos que a PGR buscará apurar, Alexandre Jardim teria sido procurado por Sérvio Opreá e Bruno Ferreira, sócios de empresas que trabalham com tênis, para ajudar o então presidente da CBT, Jorge Lacerda Rosa, a conseguir o contrato de patrocínio dos Correios em favor da CBT. Em virtude da autorização desse contrato, o assessor de Jucá teria recebido repasse de 10%. A suspeita é que esse porcentual iria para pagamento direto ao senador Romero Jucá pelo lobby que teria feito. "Vê-se, portanto, que a advogada afirma que o senador Romero Jucá filho foi o destinatário de recursos desviados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, indicando valores e testemunhas que poderiam confirmar os fatos", disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Imprescindível, portanto, a instauração de inquérito sob supervisão desta suprema corte para apuração dos fatos que, acaso efetivamente tenham acontecido, configurariam o delito tipificado no art. 312 parágrafo 1, c/c art. 317 do Código penal", disse Janot, citando os crimes de peculato e corrupção passiva, respectivamente. O patrocínio dos Correios à Confederação Brasileira de Tênis começou em 2008, segundo a investigação. Na época, Alexandre Jardim era assessor de Jucá. Procurada, a assessoria de imprensa do senador afirma que Jucá nega as irregularidades e aguarda ter informações mais detalhadas sobre o inquérito para se colocar à disposição da Justiça. Romero Jucáé alvo de uma série de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, incluindo na Operação Lava Jato e nos novos casos revelados nas delações da Odebrecht. Ele nega qualquer irregularidade. Janot já pediu a autorização do STF para colher o depoimento do ex-assessor de Romero Jucá Alexandre Jardim e de outras pessoas que foram citadas no curso da investigação na primeira instância: Sérgio Opreá e Bruno Ferreira, que seriam sócios em algumas empresas que trabalham com tênis, Anderson Rubinatto filho, ex-diretor financeiro da CBT, Ricardo Marzola Filho, proprietário da Brascourt Pisos Esportivos, que constrói quadras de tênis. A PGR também quer ouvir o ex-presidente da Nike Chris Kypriotis, que, após sair da Nike, coordenou o departamento financeiro da CBT por algum período. Outra providência que Janot pediu ao Supremo é autorização para obter junto aos Correios cópias dos processos referentes às contratações de patrocínio da CBT, bem como uma relação detalhada dos repasses feitos à confederação, além de cópias das respectivas prestações de contas. BN
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