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quarta-feira, 17 de maio de 2017

‘Não existem heróis na Lava Jato’, diz coordenador da força-tarefa em Curitiba

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, evitou comentar o depoimento prestado na semana passada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, durante debate promovido no Rio de Janeiro na noite desta terça-feira (16). “Vou chamar meu advogado e me reservar o direito de ficar em silêncio”, respondeu Dallagnol, em tom de brincadeira, ao ser questionado pelo jornalista Fernando Gabeira sobre o esquema em PowerPoint que usou para acusar Lula em 2016 e que foi criticado pelo ex-presidente durante o interrogatório da semana passada. Em debate com Gabeira que durou quase duas horas, como evento de lançamento de seu livro A Luta Contra a Corrupção, Dallagnol contou episódios da Lava Jato e disse que esse é o momento de tentar mudar o Brasil, mas que tem medo “desse discurso de heróis”.“Infelizmente a Lava Jato não transforma o Brasil. Ela pode ser um passo nessa direção, mas é insuficiente. Não existem heróis na Lava Jato. Esse discurso, ao mesmo tempo em que exalta um trabalho que está alcançando resultado, tem um lado ruim: nos coloca como vítimas da realidade, do passado, de uma colonização portuguesa talvez burocrática, que trouxe a corrupção, e nos coloca como vítimas à espera de heróis, quando nossa busca por heróis já deu errado no passado. Nós elegemos Collor como o caçador de marajás e isso não deu certo. Em vez de heróis, nós precisamos de instituições que funcionem bem”, afirmou. Além do senador alagoano, o único político a que Dallagnol fez crítica direta foi Paulo Maluf. “Esses esquemas (de corrupção) vêm de longa data”, afirmou, citando texto do padre Antônio Vieira (1608-1697) sobre o tema, uma rima “famosa no Rio em 1850″ também sobre corrupção e uma citação de Getúlio Vargas (1882-1954). “Mais recentemente surgiu a expressão do político que ‘rouba, mas faz’. A quem se relaciona essa expressão?”, perguntou o procurador ao público que assistia ao debate, no Teatro do Leblon (zona sul). “Ademar de Barros”, respondeu o procurador, completando: “Esse outro que vários de vocês pensaram até isso ele roubou”, completou, sendo muito aplaudido pela plateia – composta por cerca de 400 pessoas que, para ingressar no evento, compraram o livro, vendido a R$ 39,90. (Estadão Conteúdo)

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