Os massacres nos presídios do Brasil, na primeira semana de 2017, seguem sendo destaque e recebendo críticas da imprensa francesa. Nesta segunda-feira (9), o jornal Le Figaro dizia em um título que quase cem presos são mortos no Brasil "e as autoridades nem se comovem". Ainda de acordo com o diário, "a mídia brasileira tem exibido imagens de uma violência indescritível: um banho de sangue, com corpos carbonizados, decapitados, esquartejados e corações arrancados". O jornal alega que o governo brasileiro foi alertado e não fez nada para impedir novos massacres.
O Le Figaro ressaltou que a carnificina acontece na Amazônia, uma região de fronteira com o Peru, a Colômbia, a Venezuela e a Guiana. O Brasil é apontado como "uma etapa na rota dos países produtores de cocaína para a Europa".
"Os presídios brasileiros se tornaram uma fonte de recrutamento fácil para os narcotraficantes, que oferecem proteção e serviços aos detentos expostos às carências do Estado", cita o diário. "Desde outubro, os governadores locais pediram ajuda federal com urgência e alertaram a respeito dos riscos de implosão. Mas a resposta negativa do ministro da Justiça, com um mês de atraso, foi o primeiro erro do governo na gestão desastrosa dessa crise", observa o Le Figaro.
Outro alvo criticado pelo jornal foi o silêncio do presidente Michel Temer. "Só rompeu o silêncio para falar dos massacres depois que o papa Francisco fez orações para os presos", disse o jornal. Já a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, foi elogiada pelo diário pela rapidez com que reagiu à crise, visitando juízes da região logo após a rebelião de Manaus.
No fim da matéria, o Le Figaro critica ainda as declarações absurdas de autoridades, inclusive as que levaram à demissão do secretário da Juventude, Bruno Júlio (PMDB), que alegou que 'tinha era que matar mais' e 'fazer uma chacina por semana' nas penitenciárias.
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