Bruno Braz**Do UOL, no Rio de Janeiro*JASON CAIRNDUFF/Reuters
O etíope Tamiru Demisse realizou um protesto durante a cerimônia de premiação dos 1.500 metros da classe T13 (deficiente visual). Ao cruzar a linha de chegada e após receber sua medalha de prata, ele fez o gesto do punho cruzado contra o governo de seu país.
Ciente das punições que pode sofrer com a atitude, ele garante que não retornará à Etiópia:
"A Etiópia não tem liberdade. Milhões de pessoas são contra o governo. Eu não irei voltar para lá porque se eu voltar, serei morto. Quero ir para os Estados Unidos".
A cena é uma repetição do que já havia feito seu conterrâneo Feyisa Lilesa na maratona dos Jogos Olímpicos do Rio. Na ocasião, ele também temeu pela vida. Atualmente, o maratonista se encontra no Brasil e também quer se refugiar nos EUA.
Etiópia vive situação instável por conflito étnico-político
A Etiópia enfrenta uma série de protestos contra o governo desde dezembro de 2015 que se intensificaram no último mês. No mais violento deles, no fim de semana dos dias 6 e 7, mais de cem pessoas morreram ao se manifestaram em várias cidades para mostrar seu descontentamento pelas contínuas detenções e o que consideram abusos contra opositores, ativistas e políticos que apoiam a causa independentista Oromo.
O governo é dominado pelos Ahmara, que tradicionalmente formam a elite econômica do país, situado no leste africano e com a segunda maior população do continente. Observadores dizem que a situação na Etiópia nunca foi tão instável nos últimos 25 anos.
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