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terça-feira, 5 de abril de 2016

Petrobras prepara mudança em acordo que deu bônus a funcionários em ano de prejuízo

Em vez de metas operacionais, diretoria quer avaliar indicadores financeiros para pagar participação nos lucros e resultados
SAMANTHA LIMA
Unidade da Petrobras em Cubatão (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
A Petrobras decidiu rever um dos mecanismos de remuneração mais defendidos pelos sindicatos de petroleiros – o programa de Participação nos Lucros e Resultados. A tendência é que, após a mudança de indicadores, deixem de ocorrer situações como a que aconteceu no ano passado, quando a estatal pagou aos trabalhadores bônus de R$ 1 bilhão relativos ao desempenho de 2014, mesmo tendo amargado um prejuízo de R$ 21,6 bilhões no período.

De acordo com um funcionário a par das discussões, o objetivo é criar um modelo “que persiga a rentabilidade, e não mais o de produzir o máximo possível”. Seria diferente, portanto, do que está em vigor desde 2014, quando os sindicatos pressionaram a Petrobras a considerar, a partir dali, para pagamentos dos bônus, somente o cumprimento de seis metas operacionais, ainda que a empresa fechasse no vermelho. 

Coincidentemente, meses depois, a mudança garantiu o bônus dos funcionários relativos àquele mesmo ano, por terem cumprido todas as metas operacionais, apesar da perda bilionáriacausada pela baixa contábil dos valores desviados pelo esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato. O bônus pago, de R$ 1 bilhão, foi o mesmo que a Petrobras havia desembolsado em 2012, quando o lucro havia sido de R$ 21 bilhões. A alegação dos sindicatos, na época, era que os trabalhadores não eram culpados pelas perdas e que tinham trabalhado para atingir os objetivos propostos.

Este ano, não foram pagos bônus relativo a 2015, quando o prejuízo foi de R$ 34,8 bilhões, porque a empresa só atingiu 99% da meta operacional, em vez dos 100% exigidos segundo o acordo coletivo.

No novo modelo de pagamento de bônus, em vez de indicadores como “volume produzido”, “extração”, “eficiência de navio” e “carga processada”, entre outros, serão levados em consideração parâmetros financeiros, como lucro, geração de caixa (medido pelo chamado Ebitda, sigla em inglês para ganhos antes de juros, tributos, amortizações e depreciações), fluxo de caixa e margens.

De acordo com o funcionário a par das negociações, para bater a meta, a empresa poderá até julgar necessário reduzir a produção, se isso tiver como consequência a melhora dos indicadores financeiros. Os parâmetros baseados em cifras deverão ter um peso de 60% na composição da meta. O restante deverá ser preenchido com indicadores em segurança, meio ambiente e saúde dos trabalhadores. Devem ser criados de seis a dez indicadores.

As novas métricas também vão servir de referência à empresa nocálculo da remuneração variável dos seis diretores e também no mecanismo conhecido internamente como avanço de nível. Por meio desse instrumento, aplicado anualmente no mês de julho, funcionários bem avaliados sobem um degrau na carreira e ganham aumento de 4%. Tal programa é controverso porque permite que os mal avaliados também sejam promovidos, por antiguidade, a cada dois anos, mesmo se não melhorarem o desempenho.

O novo modelo de remuneração está sendo montado por gestores dos setores de recursos humanos e financeiro, com apoio da área de estratégia, atendendo a determinação do atual presidente, Aldemir Bendine. A previsão é que a metodologia fique pronta ainda no primeiro semestre, quando deverá ser submetido ao conselho de administração a empresa, e seja imediatamente implantado.

Procurada para confirmar a mudança nas regras da PLR, a Petrobras não comentou o assunto.

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