Com a experiência de ter vivido dois golpes militares: o de 1964, no Brasil; e o de 1973, no Chile, o senador José Serra (PSDB-SP) faz um alerta: “Se os militares tivessem poder como antes, já teria havido uma militarização no país”.
A análise foi feita durante palestra no seminário luso-brasileiro de direito na Universidade de Lisboa, onde Serra fez uma reflexão sobre os 30 anos de democracia ininterrupta no Brasil, colocando como ponto merecedor de destaque do período justamente a ausência do que chamou de “fator militar”: “Nos últimos 30 anos, esteve ausente e, se Deus quiser, vai continuar ausente”, disse Serra.
“Acredito que a presidente Dilma não se sustentará. Terá o impeachment, ela não vai permanecer”, disse o senador tucano, que prevê um período de transição “complicada e complexa”, sob o ponto de vista político e econômico. Em relação à economia, Serra acredita que um novo governo terá um cenário de expectativa positiva num primeiro momento, com queda do dólar e redução do risco Brasil.
Na plateia, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), se remexeu na cadeira. O petista participou do painel de encerramento, ao lado do presidente do PSDB, Aécio Neves, e tratou de responder ao que considerou um ataque ao governo da presidente Dilma Rousseff. “O Serra, ao falar da forma que o Brasil reage às crises, mencionou suicídio, renúncia, impeachment ou deposição. Pois eu coloco aqui uma quinta: cumprir a Constituição e fortalecer a democracia, acho que é melhor”, afirmou o senador petista, sendo aplaudido pela seleta plateia de professores doutores, advogados, juristas e alunos.
O aplauso a Viana poderia parecer aos desavisados que ele estava diante de uma plateia majoritariamente favorável à permanência da presidente Dilma Rousseff no poder. Mas bastou o senador Aécio Neves dizer que não era possível “o país dar um salvo-conduto aos crimes de responsabilidade cometidos pela presidente da Republica”, o auditório veio abaixo. Ao responder a Viana, o presidente do PSDB afirmou ainda que “um tempo na oposição fará bem ao PT para renovar seus valores”.
Ele concluiu sua fala dizendo que, no dia da eleição, em 2014, conhecido o resultado, telefonou para a presidente Dilma Rousseff para lhe dar o parabéns pela vitória e se colocar à disposição para o dialogo. “Disse a ela que, numa eleição tão radicalizada, ela teria a missão de unir o país. A resposta não foi a que eu esperava, foi a arrogância e a falsa impressão de um sentimento de que tinha vencido com um amplo apoio da sociedade. Hoje, o resultado é uma presidente sitiada no Planalto”, disse Aécio, ovacionado pelo auditório.
Do lado de fora, um grupo de 40 pessoas, entre estudantes, militantes do PT e da confederação geral dos trabalhadores portugueses, fez uma manifestação em favor da presidente Dilma Rousseff com cartazes e um megafone. Do Portal Interior da Bahia/Fonte: Veja
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