O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contrariou o próprio partido ao criticar o pedido de extinção do PT, protocolado pelo PSDB na Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE). "O PT representa parcelas da opinião brasileira e, como tal, melhor que continue ativo, que se livre das mazelas que o acometem e que o PSDB se prepare para vencer dele nas urnas", avaliou em entrevista à Folha de S. Paulo, neste domingo (24). O ex-presidente disse que não faz mais parte da "hierarquia formal de mando do PSDB" para estar envolvido na decisão. Porém, diz que se fosse consultado "diria ser mais apropriado deixar que os procuradores cuidem desse tema". "O PSDB já fez o que lhe cabe: uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral sobre o uso de recursos ilícitos na campanha de 2014. Da resposta afirmativa a essa investigação pode até mesmo caber nulidade de registro partidário. Se a lei assim dispuser, nada a fazer, senão cumpri-la”, ponderou. FHC criticou, ainda, o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). "Em um Congresso cujos chefes principais estão sob suspeita judiciária e que, eventualmente tenham usado o impeachment como manobra de defesa de seus interesses e não por sua legitimidade intrínseca, ficou difícil separar alhos de bugalhos", apontou. Mesmo assim, ele acredita que as pedaladas fiscais e o uso de recursos públicos para fins eleitorais são motivos suficientes para que a petista deixe o Palácio do Planalto. "Engana-se a presidente ao imaginar que por estar convencida de que não se beneficiou de malfeitos está imune a ações de impeachment. Este abrange a responsabilidade político-administrativa, mesmo quando não se trata de 'crime' praticado pessoalmente”, concluiu. BN
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