Andrezza Czech*Do UOL, em São Paulo*João Miguel Júnior/TV Globo
Renato Aragão, o Didi, fez uma declaração polêmica à revista "Playboy"
"Naquela época, essas classes dos feios, dos negros e dos homossexuais, elas não se ofendiam". A declaração, dada pelo humorista Renato Aragão à revista "Playboy" de janeiro, diz respeito à época de "Os Trapalhões", programa veiculado entre 1966 e 1995. Para ele, antigamente, as pessoas sabiam que suas brincadeiras não eram feitas para atingir ninguém, mas, hoje, esse tipo de humor é encarado como preconceituoso. Será mesmo que a opinião pública mudou nos últimos 50 anos?
"Todo mundo sempre se ofendeu e reclamou. Os movimentos sociais existem há décadas, o que não havia era visibilidade", afirma a professora do núcleo de sociologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Carla Cristina Garcia, que atua, principalmente, com questões de gênero e é mestre e doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP.
Segundo o antropólogo Luiz Mott, mestre pela Universidade Paris-Sorbonne, professor aposentado da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), a sociedade era mesmo mais politicamente incorreta. "Nos últimos anos, a afirmação de identidade das minorias se tornou mais combativa, através, sobretudo, das redes sociais e da disseminação da informação. Hoje, qualquer fala preconceituosa é imediatamente divulgada e causa protesto e indignação", afirma.
Embora a visibilidade da indignação hoje seja maior, os movimentos de minorias e o incômodo com este tipo de humor já existem há muito tempo. Mott lembra de um episódio ocorrido em 2004, quando o GGB divulgou um protesto dizendo ser inadmissível um embaixador da Unicef propagar tantos preconceitos. Como resposta, Aragão afirmou, na época, que nunca teve a intenção de humilhar ninguém e prometeu limpar as piadas homofóbicas de seu programa de TV.
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