Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 25,7% das famílias que moram em casas alugadas (ou 5,2% das famílias que vivem em domicílios urbanos) comprometiam, em 2013, 30% ou mais de sua renda com o aluguel. Esse percentual cresceu um pouco frente a 2004, quando 24,6% dos lares alugados estavam nessa situação. Os dados são do estudo Síntese de Indicadores Sociais, com dados referentes a 2013. No Paraná, em relação ao número de domicílios urbanos, 4,6% das famílias comprometiam 30% ou mais da renda com o pagamento do aluguel. O percentual de 30% de comprometimento da renda é classificado pelo IBGE como um “ônus excessivo” para esse tipo de despesa. O instituto usou como referência regras de financiamentos da Caixa - nos quais só 30% da renda pode ser usada para pagar a prestação do imóvel - e de instituições internacionais. Para famílias de renda mais baixa, a situação é pior. Nos lares com rendimento per capita de até meio salário mínimo, 55% da renda era destinada ao pagamento do aluguel. No Brasil, 20,3% das famílias moravam de aluguel em 2013 – em 2004, esse percentual era de 17,8%.“(O valor do aluguel) Está no limite. A família está comprometendo o valor máximo da renda com o aluguel, o que é preocupante”, diz Ronaldo Silva, presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina (Sindecon). Segundo ele, o aluguel tende a subir em virtude do aumento do valor dos imóveis, mas de maneira desproporcional à renda das famílias. Para Silva, o aluguel dos imóveis tem crescido desta forma devido à grande disponibilidade de crédito, à mudança do conceito de moradia do brasileiro, que hoje leva em consideração a área de lazer, e à grande procura de imóveis de menor valor. Diante desta situação, o economista recomenda pesquisar imóveis com preços mais compatíveis com a renda da família, ou, se o locatário for adimplente, tentar uma negociação como o locador. “Mas isso é muito difícil (conseguir uma negociação). Por isso, recomendo que se faça pesquisa.” Se mesmo assim 30% da renda estiver sendo comprometida pelo aluguel, vale a pena considerar adquirir um imóvel, afirma Silva, “desde que a pessoa tenha certeza que vai fixar moradia naquele local”. “O mercado imobiliário brasileiro teve uma supervalorização nos últimos cinco anos devido ao aumento da renda e, consequentemente, a um aumento substancial da demanda por imóveis, movida pela facilidade do crédito imobiliário”, afirma, por sua vez, o diretor do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina e Região (Sincil), Arthur Harbs. “E por conta desta supervalorização, com o aumento dos valores dos imóveis, também houve aumento dos valores dos aluguéis.” Na visão do corretor, usar não mais do que 20% da renda para o pagamento do aluguel é o ideal para uma família evitar ter de fazer sacrifícios. O comprometimento de 30% do que se ganha é recomendado para prestação de financiamento de imóveis, pois “ainda que a pessoa esteja contraindo uma divida de longo prazo, estará formando um patrimônio”. “Porém, caso não seja possível o cliente iniciar a aquisição de um imóvel próprio de imediato, é certo que o comprometimento de 30% ou mais da renda familiar com aluguel é excessivamente alto”, opina Harbs. Por isso, uma dica, segundo o diretor do Sincil, além de não exceder os 20% da renda para o aluguel, é “fechar o negócio com calma”. “Porque não basta apenas olhar o valor, é preciso também analisar se o imóvel atende às necessidades da família, se está localizado próximo ao local de trabalho, além dos outros encargos que acompanham a locação, principalmente a taxa de condomínio. (Tribuna da Bahia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário