Dez relatórios dos Circuli Minores (grupos menores), apresentados pelos bispos e cardeais que participam do Sínodo da Família, no Vaticano, atenuam o texto do relator-geral, o arcebispo húngaro Péter Erdö, em relação aos gays, omitindo conceitos que pudessem ser interpretados como aprovação da Igreja a seu modo de vida. O Vaticano também divulgou nesta quinta-feira, 16, uma versão em inglês do primeiro relatório, no qual alterou a abertura que propunha aos gays e divorciados presente no original em italiano, publicado na segunda-feira (13). Os novos relatórios reafirmam que a união homossexual não pode ser chamada de matrimônio, recomendam que os gays recebam atenção pastoral e sejam respeitados em sua dignidade, mas omitem a observação do cardeal Erdö, que em seu texto ressaltou que os casais do mesmo sexo têm uma contribuição a dar à comunidade católica. Ao lado da situação dos divorciados recasados, que reivindicam o acesso ao sacramento da eucaristia, a questão dos homossexuais foi aquela que mais dividiu os participantes do Sínodo. A ala mais conservadora dos bispos criticou a divulgação do Relatório após a Discussão, do cardeal Erdö, argumentando que se tratava de um instrumento de trabalho, como também são os relatórios dos dez grupos, divulgados ontem. Os relatórios assinalaram que, no caso dos divorciados, um grupo de participantes defende a manutenção das regras atuais, que proíbem os recasados de comungar. O documento final da Assembleia-Geral Extraordinária do Sínodo, encontro que começou há duas semanas no Vaticano, será publicado amanhã e enviado a todas as dioceses do mundo, para novas discussões. Ele servirá de roteiro para a segunda etapa da reunirão, em outubro do próximo ano. Só então será aprovada a versão definitiva, que será divulgada com a aprovação do papa Francisco. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, desmentiu que o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, tenha criticado o relatório do cardeal Erdö. "Ele me pediu para dizer que o que foi referido - que ele teria dito que o relatório era indigno, vergonhoso e completamente errôneo - não corresponde à verdade", disse. O clima do Sínodo foi, segundo o padre Lombardi, de transparência e participação. Na abertura da reunião, o papa recomendou que os bispos falassem com clareza, sem medo de desagradar, tudo o que pensam a respeito da família, para que a Igreja possa ajudar os católicos a enfrentar as dificuldades. por José Maria Mayrink | Estadão Conteúdo
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