A agricultora Maria Moreira de Andrade não sabia ler até os 73 anos de idade.
A vontade de decifrar as letras vinha desde criança, quando via o seu pai escrever textos e transformá-los em poesia para músicas cantadas em forma de serenata para sua mãe.
Ela quis estudar, mas se casou cedo e precisou seguir o marido, com quem viveu por 50 anos.
Eles saíram de Criciúma, sua terra natal e foram para Roraima.
Quando a gente chegou lá não tinha nada. Construímos uma tenda de ripas e teto de folha de babaçu. Não tinha móveis, mas criamos alguns com varinha, varinha das árvores mesmo, e um fogão de barro. Eu levava meus filhos para escola de facão na cintura com medo da onça. Eu amava tudo aquilo — lembra.
Durante esses anos de trabalho pesado, Maria lembra que, antes de dormir, seu marido pegava um livro qualquer e lia em voz alta para que ela escutasse.
"Eu gostava de deitar no seu peito e ficava sonhando com aquelas palavras. Em toda minha vida o meu marido me incentivou", diz.
Antes de morrer, há cinco anos, de câncer, José olhou nos olhos dela e pediu:
"Você tem muito conhecimento. Quero que coloque tudo no papel. Quero que você ganhe o mundo".
Foi o que ela fez. Aos 73 anos ela entrou na escola Escola dos Jovens Adultos (EJA), mas no meio de muitos jovens, ela decidiu mudar para o Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) da Universidade Federal de Santa Catarina.
O NETI oferece o mesmo curso, porém para pessoas acima dos 50 anos.
Maria foi adiante e conquistou o certificado do ensino médio.
Agora o novo desafio dela é entrar no curso de Letras da UFSC.
Maria, que se autointitula "a sonhadora", foi responsável escreveu mais de 200 poesias, a maioria inspirada na sua própria história.
Agora ela quer lançar todas em um livro. Com informações do Diário Catarinense.
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