São Paulo, 03 de junho de 2014
Excelentíssima Presidenta Dilma. Em julho de 2011 eu lhe enviei uma carta onde pedia para cancelar a Copa do Mundo e passasse para a História como uma estadista e heroína do nosso povo. A diferença entre um estadista e um político comum é que o estadista se preocupa com a próxima geração e um político só se preocupa com a próxima eleição.
A senhora deveria ter utilizado todo dinheiro dessa Copa para a saúde, a segurança, a educação, estradas e outras centenas de obras que fazem falta para o nosso povo. Infelizmente, a senhora preferiu esbanjar o dinheiro de nossos impostos em estádios e obras superfaturadas e entregar o nosso país para a FIFA.
Eu gosto de futebol, mas eu não quero essa Copa da FIFA, por esse preço. Ela está custando vidas, pois o povo continua morrendo nos hospitais por falta de médicos, leitos, remédios, mas os estádios estão aí, como uma afronta ao bom senso. Na verdade, o nosso dinheiro foi para o ralo e nós continuamos sem o essencial. Pior, também estamos perdendo a dignidade, no meio de tanta corrupção.
Curiosamente, no auge dessa discussão, vimos o ex-presidente Lula, um dos autores desta infame Copa do Mundo, falar que é “babaquice” de brasileiro querer chegar de metrô até os estádios, uma vez que as linhas não ficaram prontas. Disse ainda que nós nunca tivemos problemas de andar a pé. Que o brasileiro vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa.
Já no próprio Portal da Copa, órgão do Governo Federal, o discurso é diferente e o governo ressalta as obras de Mobilidade Urbana, entre elas os metrôs nas cidades-sedes.
Voltando ao tema principal, eu não quero a Copa, assim como milhares de manifestantes nas ruas também não a querem, pelo simples fato de constatarem que faltam coisas muito mais importantes.
Perguntem para quem está morrendo numa fila de espera aguardando uma cirurgia que nunca chega, se ele prefere a Copa. Perguntem para um pai que vê seu filho sem escolas se ele prefere a Copa. Essa Copa seria bem vinda se não faltasse nada para o povo, se estivesse tudo funcionando muito bem, desde um hospital decente até uma linha de metrô que vai até os estádios, e não precisássemos de jumentos como solução de transporte público.
No passado víamos o povo decorar as ruas com as cores da nossa bandeira, nos dias de jogos; agora, vemos passeatas plenamente justificáveis, querendo mais brasilidade e menos circo com nosso dinheiro.
*Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra - Recomeço. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza
Sobre Célio Pezza
O escritor Celio Pezza, 63 anos, é natural de Araraquara, interior de São Paulo, mas sempre viveu na capital paulista até se mudar para uma pacata cidade no interior do Rio Grande do Sul em busca de sossego para a família, paz, maior qualidade de vida e mais inspiração para criar histórias e escrever seus livros.
Célio iniciou a carreira de escritor em 1999, movido pela vontade de levar as pessoas a repensarem o modelo de vida atual dos seres humanos. Seus livros misturam realidade
e suspense, resultando em ficções intrigantes, leves e que nos levam a questionar e procurar internamente as respostas para as perguntas que a vida faz. O leitor é levado a um cenário onde não sabe em que momento termina a realidade e começa a ficção.
A mudança de vida trouxe mais serenidade, inspiração, positividade, visão e tranquilidade a Celio, fatores que a cada dia contribuem para o autor desenvolver as crônicas periódicas que escreve sobre temas atuais e as tramas de seus livros. Celio já tem 6 livros publicados, inclusive no exterior, e é colunista colaborador de dezenas de jornais e revistas por todo o país.
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