"Não podemos perder o que tínhamos como identidade. (...) O mesmo estilo, mesma pegada. Não pode mudar". Foi com essas palavras, na última entrevista antes do amistoso contra o Panamá, que Luiz Felipe Scolari descreveu o que queria ver da seleção brasileira em seu primeiro amistoso pré-Copa. E ele foi atendido. Com marcação dura unida à classe de Neymar, o Brasil goleou em Goiânia: 4 a 0.
O jogo, então, serviu exatamente para o que Felipão desejava: provar para o comandante que sua seleção está evoluindo e que estará pronta para a estreia na Copa, contra a Croácia, em 12 de junho. E se os comandados de Scolari seguirem o ritmo desejado pelo treinador, o amistoso da próxima sexta, contra a Sérvia, será ainda melhor.
Claro, ajustes devem ser feitos: a pegada pedida por Felipão foi seguida, mas às vezes muito à risca, diferentemente do que o próprio técnico havia falado: ele não quer que suas palavras sejam levadas a ferro e fogo, e sim entendidas pelo momento. Para David Luiz, porém, 11 minutos bastaram para que fosse mostrado que o clima já é de Copa. Duas faltas duras, um cartão amarelo: "Quem vai mole é que se machuca", disse no intervalo.
Se a defesa ia nessa toada, o ataque foi no ritmo de Neymar. Arranque pelo meio de campo. Finta no zagueiro. Toque no tornozelo. Falta. Felipão cantou a bola segunda-feira: "Falta perto da área é do Neymar". Gol. Brasil 1 a 0 com 26 minutos de jogo.
Era o que o time precisava para se acalmar. Os erros de passe e bobeiras do começo do jogo - Oscar chegou a deixar uma bola simples sair pela lateral, livre - sumiram. A pressão começou. E a goleada surgiu.
Primeiro, com Daniel Alves. Aos 39 minutos do 1° tempo, ele recebeu na ponta direita da área e bateu meio de bico, meio de três dedos. O baixo goleiro panamenho McFarlane não alcançou a bola no canto.
Depois, velocidade: em 45 segundos da segunda etapa, Neymar já tocava de calcanhar para Hulk. Também de três dedos, fundo da rede. Neymar ainda participou do 4° gol, achando Maxwell por trás de três zagueiros. O lateral-esquerdo só rolou para Willian, que havia acabo de entrar, marcar o quarto, aos 27 min.
Foi o último gol, mas não o fim da pressão. Maicon, Willian e Maxwell mostraram bom futebol ao entrar na segunda etapa. Jô, Hernanes e Henrique também ganharam oportunidades. No gol, Júlio César fez apenas uma boa defesa, após escorregar em cabeçada, mas se recuperar.
Nem todos os pedidos de Felipão foram atendidos, apesar do esforço do Brasil. Os volantes não repetiram a mesma chegada da zaga, e o meio de campo foi mais de Neymar do que de Oscar. Comparando com os amistosos de outras seleções favoritas, porém, Felipão não pode reclamar. *Colaborou Felipe Noronha, em São Paulo
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