As contas públicas entraram em deterioração e o governo passou a maquiar o balanço fiscal. A inflação subiu e se alojou quase no limite da margem de tolerância. O setor industrial emperrou e perdeu espaço para os competidores estrangeiros até no mercado interno. O PIB passou a avançar muito lentamente, com média anual de apenas 2% nos três anos do atual governo. O resultado deste ano dificilmente será melhor que o de 2013. A maior parte das projeções conhecidas aponta números até inferiores a 2%.
Os problemas de competitividade são velhos, aumentaram nos últimos dez anos e tornaram-se perfeitamente visíveis no último triênio. Podem ter sido agravados, durante algum tempo, pela valorização cambial, mas a experiência confirmou seu caráter estrutural. O novo programa de concessões de infraestrutura, por sua vez, não oferece mais que soluções muito parciais para o problema da competitividade. E não se remove o entulho tributário apenas com desonerações seletivas e temporárias adotadas pelo governo federal. O conserto do sistema, um dos piores do mundo, só será possível com mudanças complexas e politicamente difíceis.
Nada mais natural que a presença do Brasil nas listas de países mais vulneráveis a choques e mais necessitados de ajustes e de reformas. Os sinais de alerta divulgados pelo FMI, nos últimos dias, resultam de uma avaliação baseada em fatos bem conhecidos. Agir para mudar os fatos seria bem mais eficaz que protestar contra as avaliações. * Via Estadão
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