Mal começou a ser publicada e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) já foi suspensa. Logo após a divulgação do índice referente a 2013, que vai substituir a Pesquisa Mensal de Emprego, o instituto anunciou que sua divulgação só volta em 6 de janeiro do ano que vem. Segundo a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, o objetivo é adequar os dados da pesquisa às exigências da Lei Complementar nº 143 (2013), que define o dado sobre a renda domiciliar per capita como base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados.
"A lei é do ano passado, a exigência chegou agora. Nós interpretamos um prazo (de divulgação) como sendo dezembro de 2015, quando na verdade era janeiro de 2015", explicou Wasmália. A próxima divulgação estava marcada para 3 de junho, mas foi cancelada.
A revisão de metodologia foi motivada por questionamentos dos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Armando Monteiro (PTB-PE) no início de abril e evita problemas judiciais com os Estados. Apesar da interrupção nas divulgações dos resultados, a coleta da Pnad Contínua continuará sendo realizada. "A pesquisa de campo continua, vamos adaptar para atender também a esse outro pedido", disse a presidente.
Saídas - Mesmo com a presidente do instituto garantindo que o órgão vai se adaptar para atender às mudanças, a alteração no calendário deflagrou uma crise no IBGE.
Na quinta-feira a diretora de Pesquisa do órgão, Marcia Quintslr, pediu exoneração do cargo por discordar da decisão de suspender a divulgação dos resultados da Pnad Contínua. Marcia Quintslr deixa o cargo, mas segue como servidora do IBGE. Denise Britz do Nascimento Silva, coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), também pediu para sair. Ambas integravam o Conselho diretor do IBGE, ao lado de Wasmália e de outros cinco membros.
Logo após as renúncias, dezoito coordenadores e gerentes estratégicos de pesquisas ameaçaram entregar seus cargos, caso a direção não voltasse atrás na decisão. O conselho diretor precisou se reunir na sexta-feira com o corpo técnico da instituição para tentar evitar a saída em massa.
A presidente do IBGE disse em entrevista que ainda não sabe se conseguirá evitar a saída coletiva dos funcionários, mas que vai tentar explicar os motivos para a mudança do cronograma. "Esse tipo de manifestação não me surpreende. Mas tem de se considerar que não é uma decisão técnica, é uma decisão institucional. Quem toma as decisões institucionais é o corpo gestor da casa e nunca a área técnica", ressaltou.
Entre os coordenadores que ameaçaram entregar seus cargos estão Eulina Nunes dos Santos, responsável pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e Cimar Azeredo, responsável pelas taxas de desemprego apuradas pela própria Pnad Contínua e pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
"O nosso corpo técnico tem um enorme compromisso com a casa, com seus projetos e com as suas informações. Tenho certeza de que vai prevalecer, na verdade, é a responsabilidade com isso", considerou Wasmália.
Brasília - O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, não quis comentar sobre a crise no IBGE, ao ser questionado durante evento na capital federal. Fonte: Com informações de Veja Online
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