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sexta-feira, 28 de março de 2014

Venezuela vive "clima de golpe", com prisão de militares e opositores

Cartazes pedindo liberdade de expressão e fim da repressão são colados em frente ao escritório da ONU em Caracas, na Venezuela (Foto: Fernando Llano/AP)
A deputada venezuelana Maria Corína Machado fala em conferência em Lima, no Peru. Corína perdeu o mandato nesta quarta-feira após fazer críticas ao governo da Venezuela na OEA (Foto: Martin Mejia/AP)

Após mais de um mês de revolta popular, a Venezuela está vivendo um "clima" de golpe de Estado, com acusações de traição e perseguição de políticos opositores. O governo do presidente Nicolás Maduro anunciou a prisão de três militares de alta patente, cassou o mandato de uma deputada e condenou dois prefeitos de oposição à prisão e perda de mandato.

Maduro anunciou a prisão de três generais da Força Aérea da Venezuela nesta terça-feira (25). Segundo o presidente, os militares estavam planejando um golpe de Estado. "Os três generais, que pretendiam sublevar a Força Aérea contra o governo legitimamente constituído, estão às ordens dos tribunais militares", disse. Após a prisão, o Exército da Venezuela divulgou nota defendendo a autoridade do presidente e do atual governo.

De acordo com o presidente, a prisão ocorreu após oficiais do Exército denunciarem uma tentativa de golpe por parte da aeronáutica. O governo não divulgou os nomes dos acusados nem apresentou evidências para o caso, mas acusou "setores da oposição", em particular o partido de oposição Vontade Popular e o ativista Rocío San Miguel, que dirige a ONG Controle Cidadão.

Ainda na terça, o governo cassou o mandato da deputada María Corina Machado. A deputada, que faz oposição a Maduro, tentou apresentar uma denúncia sobre a situação do país na Organização dos Estados Americanos (OEA) no final da semana passada. Para isso, ela se credenciou na OEA como representante alternativa, com ajuda do governo do Panamá. Segundo o governo venezuelano, esse credenciamento violou a Constituição, o que permitiria a destituição da deputada.

A cassação foi confirmada nesta quarta pelo Parlamento venezuelano. Corína, que está em Lima, no Peru, disse que o Parlamento não tem o poder para destituí-la do cargo. "Fui à OEA como representante do povo da Venezuela, tive a oportunidade de tomar a palavra por um mecanismo interno. Se o preço que eu devo pagar por ter ido à OEA é este, que hoje me persigam, vou fazê-lo uma e mil vezes", disse.


Além de Corína, mais um político de oposição perdeu o mandato nesta semana. O Tribunal Superior de Justiça do país condenou o prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, acusado de não acatar uma sentença judicial. A sentença exigia que Ceballos impedisse a colocação de barricadas nas ruas por parte de manifestantes.

A cidade de San Cristóbal, governada pela oposição, é uma das áreas onde os protestos antigoverno seguem com força. O prefeito pegou doze meses de prisão e a Justiça cassou imediatamente o seu mandato. Sua sentença segue os mesmos argumentos da condenação do opositor Vicencio Scarano no começo do mês. Vicencio era prefeito de San Diego, outra cidade com fortes protestos contra o governo. Ceballos está preso desde 12 de março, quando foi detido por agentes de segurança.

Além dos dois prefeitos, o líder opositor Leopoldo López também está preso, acusado de incitar a violência com suas convocações de protesto contra o governo de Maduro.

A Venezuela vive desde o dia 12 de fevereiro uma onda de protestos com um balanço de 34 mortos, centenas de feridos e quase dois milhares de detidos, a maior parte já em liberdade graças a medidas cautelares. REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE

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