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quinta-feira, 6 de março de 2014

QUANDO FAZIA ENTREVISTAS

Por Humberto Pinho da Silva
No final do século XX, realizei série de entrevistas a figuras que se notabilizaram, na Arte, no Desporto e na Política.
Foi trabalho agradável, não só pela oportunidade de contactar figuras públicas, que apenas conhecia através da TV e imprensa, mas, mormente ter ficado a conhecer, um pouco, do pensar e da vida íntima de cada um.
Houve recusas; poucas; já que as entrevistas não eram agressivas. Só respondiam, se queriam.
A pedido, desliguei em muitas, o gravador, quando faziam confidências que não desejavam ver publicadas.
Numa, jovem deputado, recentemente saído de juventude do partido, revelou-me, reações e modo de pensar de quem frequentava a vida pública portuguesa.
O que mais me impressionou, foi ter declarado a precisão de obter curso superior para ocupar lugar de relevo na política.
Qualquer um servia, mas os mais usuais eram os de Direito e Economia “Quem não têm “Dr.”, é tratado como inferior, não só pelas bancadas dos outros partidos, como pelos nossos.” - Confessou.
Disse-me, que não o declaram abertamente, até chegam a louvar a “habilidade” e a forma como se “ desenrasca” de situações difíceis; mas no falar, nota-se que para ser respeitado, têm que ter frequentado a Universidade.
Há quem tenha só os cursos da “Universidade da Vida “, e faça sucesso, mas esses são os “ revolucionários” da direita e da esquerda.
Anos mais tarde, no final da primeira década do século XXl, vim a saber que o jovem político tinha razão, ao conhecer o caso do deputado que era engenheiro, não o sendo, e o que usava o título de “Dr.” e mal passara pela Faculdade.
A maioria dos entrevistados desconhecia pormenores dos progenitores, como: datas de nascimento, casamento e local onde os pais se matrimoniaram. Senhora, que ocupava cargo de diretora numa Fundação, por ser familiar do benemérito, confessou-me que nada sabia do fundador, mas iria perguntar aos avós!...
Outros, todavia, veneravam, os pais, e guardavam, como relíquias, fotos e objetos do familiar falecido.
Certo dia, uma viúva, terminada a entrevista, após lhe ter pago o café e as torradas, perguntou-me quanto lhe dava pelas informações prestadas.
Tratava-se de senhora, que fora casada com industrial, e segundo me disseram, vivia muito desafogadamente.
As informações que me transmitiu, eram breves dados biográficos, do marido.

Houve de tudo. Foram mais de centena e meia, e permitiram-me conhecer melhor a sociedade em que vivia.

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