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sexta-feira, 7 de março de 2014

Jornalista brasileira morre esfaqueada dentro de banheira em Portugal

MG1
O corpo dela foi encontrado dentro da banheira do apartamento, e o irmão da vítima está desaparecido há cerca de três meses; o principal suspeito dos crimes é o ex-marido da jornalista. O ex-marido Moisés é o principal suspeito do assassinato da jornalista e do irmão dela, que está desaparecido desde dezembro do ano passado
Foto postada por Darlan Penido, amigo de infância dos irmãos, no último encontro que tiveram em Portugal; à esquerda, Marcelo Santos, no meio Darlan e ao seu lado, à direita, Carla Santos

JULIANA BAETA

A jornalista carioca Carla Santos, 41, moradora de Belo Horizonte desde a infância por cerca de 20 anos, foi encontrada morta na banheira da casa dela em Portugal na última segunda-feira (3). O principal suspeito é o ex-marido dela, o português Moises Fonseca, 43, com quem tinha um filho de 5 anos. O irmão de Carla, Marcelo Santos, 43, está desaparecido desde a segunda quinzena de dezembro passado, e a família suspeita que Moisés também esteja envolvido.

Ele passa por um tribunal português nesta quinta-feira (6), uma espécie de julgamento preliminar, no qual um juiz decide se ele ficará preso de forma preventiva ou se será liberado por falta de provas.

Segundo a Polícia Judiciária - responsável pelas investigações em Portugal -, o crime aconteceu na madrugada de segunda-feira. Alguns vizinhos disseram ter ouvido gritos no apartamento de Carla, em Monte Abraão, no Concelho de Sintra, uma espécie de região metropolitana de Lisboa, no dia do crime. A polícia estima que o assassinato tenha ocorrido por volta de 1h.

O corpo de Carla foi encontrado pela faxineira na manhã de segunda-feira. Assustada com o corpo vestido da jornalista em uma banheira cheia de sangue, a mulher saiu para a rua pedindo ajuda. Na parede, algumas palavras foram escritas pelo criminoso. A imprensa portuguesa conseguiu identificar palavras como "devolve" e uma expressão equivalente ao "te pego" no português do Brasil.

Inicialmente, as marcas foram identificadas como de sangue, mas depois foi constatado que foram escritas com outro material, provavelmente, um batom vermelho.

O suspeito e a vítima estavam divorciados há cerca de dois anos, e a relação dos dois funcionava em esquema de guarda compartilhada. O filho deles, de 5 anos, passava a maior parte do tempo com a mãe, mas o pai tinha o direito de passar alguns dias com ele. No dia anterior ao crime, Moisés esteve no apartamento de Carla, que fica a apenas cinco minutos de carro da casa dele, e levou a criança, dizendo que iria passar alguns dias com ela. Por volta de 1h, ele teria voltado ao local e esfaqueado a ex-mulher na banheira. A jornalista foi encontrada vestida, com perfurações de faca no abdômen e nas costas.

Para fugir da violência

De acordo com o jornalista Darlan Penido, amigo dos irmãos Carla e Marcelo, com quem passou a infância e parte da adolescência em Belo Horizonte, os pais deles eram portugueses, de Lisboa, e se mudaram para o Rio de Janeiro após o casamento, onde os filhos nasceram. Após isso, com as crianças ainda pequenas, a família se mudou para a capital mineira. No entanto, quando Carla e Marcelo ficaram mais velhos, por volta dos 20 anos, os pais resolveram voltar para Lisboa, para fugir da violência no Brasil.

Lá, Carla e Marcelo passaram a exercer as respectivas profissões, ela como jornalista, atuando como produtora cultural e assessora de imprensa, e ele com uma empresa de informática na área de ciências da computação. Ambos constituíram família na cidade portuguesa, mas acabaram se divorciando de seus respetivos pares. Marcelo também teve filhos em Lisboa, dois meninos de 6 e 7 anos, respectivamente.

Motivação

Ainda de acordo com Darlan Penido, o casamento de Carla foi complicado. "Parecia que ele tinha muito ciúme dela, e houve até um histórico de violência doméstica. O Marcelo era quem enfrentava ele, meio que protegendo a irmã, eles eram muito ligados. Eu me lembro deles na época de escola, os dois eram alunos brilhantes, ele estudava no Colégio Militar e ela, no Santa Maria, eles moravam no bairro Cidade Nova", lembra Darlan.

Moisés já havia sido levado ao tribunal, denunciado por Carla, por causa de violência doméstica. Na ocasião, foi liberado porque entrou em um acordo com a ex-mulher. Ao amigo Darlan, no último encontro que tiveram, há cerca de dez meses, a jornalista disse que o ex-marido chegou a sequestrá-la junto com o filho deles e dirigir o carro por cerca de 250 quilômetros após os limites da cidade, mas acabou desistindo da ideia.

Por causa da denúncia de Carla à polícia, ele jurou vingança e chegou a dizer que acabaria com ela.

Desfecho

Familiares da vítima não falam sobre o caso por orientação da Polícia Judiciária, que continua com as investigações para encontrar Marcelo. Desde o desaparecimento dele, a família já suspeitava do envolvimento do ex-marido de Carla. O álibi de Moisés seria o próprio filho, já que ele alega que não poderia ter cometido o crime porque estava com a criança.

O corpo de Carla será enterrado em Lisboa neste sábado (8).

Luto

No Facebook, Darlan postou a última foto tirada com os irmãos Carla e Marcelo, quando os visitou em Lisboa, há cerca de um ano.

"O reencontro de amigos que passaram parte da infância e adolescência juntos. Após vinte anos sem nos vermos, fui até Lisboa para matarmos a saudade. Uma noite emocionante e os dias que se passaram ali foram mágicos. Revimos o passado, falamos do futuro... Do que planejamos e do que a vida nos reservou. Engraçado é que havia se passado tempo demais, mas a nossa conexão era a mesma. Bebemos, dançamos e brindamos a vida! Saí de Portugal com a alma e coração cheios, prometi voltar este ano para mais dias mágicos. Só que a vida nos pregou outra peça. Carla foi assassinada. Marcelo está desaparecido há dois meses. O ex-marido dela, infelizmente, é apontado como autor de duplo homicídio. Que Deus conforte os pais e os filhos que ficaram órfãos. Toda essa barbaridade precisa de respostas e que a justiça se faça presente", postou Darlan Penido.

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