Costa do Sauípe, Bahia – A chave para o Brasil retomar o crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) é consolidar “fortemente” seus fundamentos fiscais, de modo a reduzir o tamanho do Estado na economia e permitir uma maior participação dos investimentos privados. O alerta foi feito ontem pelo diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, durante participação no Fórum Econômico da América Latina, realizado na Costa do Sauípe, na Bahia.
Nos três anos de governo Dilma Rousseff a economia para pagar os juros da dívida pública encolheu de 2,7% do PIB, em 2010, para 1,9%, em 2013. Para tentar melhorar os números, o Tesouro Nacional, comandado pelo secretário Arno Augustin, realizou diversas operações que foram classificadas como “maquiagem contábil”. A insegurança com a política fiscal, combinada ao desempenho mais fraco da economia, levou ao rebaixamento da nota de crédito do país pela agência Standard & Poor’s, na semana passada.
Werner considera que o Brasil foi favorecido nos últimos anos pelo boom de commodities agrícolas e minerais, que durou até 2011, estimulado pelo crescimento econômico mais forte da China. Com a desaceleração do gigante asiático, o país passou a viver “momentos duros”, conforme classificou o diretor do FMI. Ele também avalia que é preciso revigorar o setor industrial, de modo a aumentar a produtividade do país e melhorar o saldo comercial.
A falta de competitividade da indústria nacional, associada a uma política de estímulos ao consumo das famílias, resultou numa maior dependência das importações, o que levou à piora das contas externas. Em três anos, o rombo nas transações do Brasil com o restante do mundo subiu de 2,2% do PIB, em 2010, para 3,7%, até fevereiro deste ano.
Mesmo assim, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, assegurou ontem, em Sauípe, que o Brasil está “comprovadamente” mais bem preparado para momentos de turbulência internacional. Nas palavras dele, o Brasil é um país robusto e resistente a choques externos, além de ter um sistema financeiro sólido. Empresários e banqueiros que participaram do evento na Bahia viram no discurso de Tombini um recado às agências de classificação de risco, que também mandaram representantes para a Costa do Sauípe.
O temor do governo é que Fitch e Moody's, duas das três maiores instituições de risco, acompanhem a Standard & Poor’s e também rebaixem a nota de crédito do Brasil. Não por acaso, técnicos do Tesouro Nacional se encontraram durante o fim de semana com membros das agências.
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