Isabel Braga e Cristiane Jungblut - O Globo
O clima de guerra na base aliada na Câmara dos Deputados permanece, mesmo com as reuniões individuais que a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) fez nesta terça-feira na Liderança do Governo na Casa. Sem condições políticas para qualquer votação, o governo decidiu nem arriscar votar o projeto do Marco Civil da Internet e trabalha para esvaziar o quórum da sessão e impedir a votação do requerimento de criação da comissão externa para investigar denúncias contra a Petrobras. Os líderes recomendaram que o melhor é não votar nada, por enquanto. A votação de requerimentos para convocação de ministros em comissões da Casa foi adiada para amanhã.
- A situação na base continua insegura. Vamos apresentar uma questão de ordem afirmando que a comissão externa sobre a Petrobras não tem motivo, já que nem na Holanda está sendo feita investigação sobre a estatal - disse o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP) alfinetando o PMDB e a oposição:
- Vão fazer o quê lá? Passear? Não é de bom alvitre!
A votação do requerimento da Petrobras está prevista para a noite desta terça-feira. Enquanto Ideli ouvia os líderes individualmente, os líderes da base conversavam sobre o clima tenso. O PMDB não participou da reunião de líderes da base aliada.
- A reunião não foi sobre a pauta, foi politica. Nunca vi tanto homem cobrando DR (discutir a relação) com o governo. Todos levantaram os problemas o que cria um meio de cultura para que alguns façam coisas como obstruir votações, votar requerimentos de convocação. Não podemos ficar reféns de um jogo raso que não é benéfico à sociedade, mas é preciso que o governo abra o diálogo e escute os líderes. Enquanto isso, não dá para arriscar votar um projeto importante como o do Marco Civil da Internet. O governo tem que esvaziar esse meio de cultura (de insatisfações) - afirmou a líder do PC do B, Jandira Feghali (RJ).
Os líderes aliados deixaram a reunião criticando o governo.
- O governo tem que entender que a pauta hoje não é de projeto, é a pauta da eleição. Mercadante diz que primeiro os partidos têm que voltar para a base e votar os projetos de interesse do governo, mas entendemos que é o governo quem tem que fazer um primeiro gesto - criticou o deputado Luciano de Castro (PR-RR), que participou da reunião.
Emendas parlamentares
Ontem, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) se encontrou com a cúpula do PR. Na reunião, uma das irritações dos líderes foi em relação às emendas parlamentares. Segundo os líderes, além de não cumprir o compromisso de liberação de emendas do ano passado, houve erro por parte de alguns ministérios na prioridade estabelecida para as emendas parlamentares do orçamento impositivo deste ano.
- O PT sempre apoiou o governo, mas na circunstância atual não se sente bem. A maioria dos problemas é em relação à relação com a bancada governista. Não é só cargo, é a quebra da relação de confiança. Assumem compromissos e não cumprem - criticou o deputado Giacobo (PR-PR).
Ideli deixou a reunião sem falar com a imprensa. Disse que teria um compromisso no Planalto, mas que voltaria à tarde para conversar com os líderes na Câmara.
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