Uma das alavancas do governo para promover a expansão do crédito no país, a Caixa Econômica Federal vai reduzir o ritmo da oferta de empréstimos neste ano, porque a União não injetará novos recursos no banco.
A decisão foi tomada há duas semanas e se explica pelo aperto que o governo está fazendo em suas contas para cumprir a meta de economizar 1,9% do PIB, em 2014. Sem novos recursos do controlador, a Caixa sofrerá um golpe na política de crédito que, desde 2007, se tornou o motor de seu crescimento.
A taxa anual média de crescimento da oferta de empréstimos da Caixa ficou acima de 50% entre 2009 e 2012. No balanço do ano passado, que será publicado na primeira quinzena de março, esse ritmo já aparece menor, 36%.
O problema virá em 2014. Sem dinheiro novo, técnicos da instituição estimam que o ritmo de avanço do crédito cairá para 20%, no máximo. O resultado é que a Caixa pode perder espaço para os bancos privados, que estão retomando força após superarem as perdas decorrentes da inadimplência.
Turbinada por recursos do governo, a Caixa saltou de 14% para 18% na participação de oferta de crédito, somente entre 2011 e 2013. Com isso, os empréstimos passaram a representar metade da receita do banco. Até 2007, a receita da instituição vinha, praticamente, da compra e venda de títulos públicos e de empresas estatais.
Com a crise financeira, iniciada em 2008, a Caixa vislumbrou uma oportunidade na oferta de crédito e o governo patrocinou esse avanço. O banco começou a ganhar clientes que perdiam crédito nos bancos privados.
A turbulência global fez instituições como Itaú e Bradesco fecharem a torneira, o que levou bons tomadores de crédito à Caixa. Em 2008, a fatia na oferta de crédito saltou para 6,7%. Antes, não chegava a 5% do total.
Para financiar essa estratégia de expansão da Caixa sem comprometer a saúde de suas contas, o governo criou formas alternativas de capitalizar o banco. Primeiro, transferiu ações de empresas que estavam na carteira do BNDES.
Além disso, emitiu títulos ao mercado gerando receita para a Caixa. Essas manobras, que totalizaram R$ 8 bilhões só no ano passado, foram feitas para evitar que o "desembolso" fosse contabilizado como gasto, algo que comprometeria as metas de superavit primário.
Em troca, a Caixa pagou dividendos muito acima da média de mercado para a União. Isso ajudou a elevar as receitas do governo. A operação, entretanto, afetou a dívida bruta, que subiu para 57,2% do PIB em dezembro de 2013.
O aumento do endividamento do governo é alvo de críticas das agências de classificação de risco, que ameaçam rebaixar a nota de crédito do Brasil. Por isso, não sobrou margem de manobra, e a Caixa deve ficar sem novos aportes neste ano.
Embora as agências tenham cometido erros de avaliação durante a crise de 2008, investidores ainda reagem às notas. Um rebaixamento pode afugentar aplicações, pressionando o dólar e a inflação em ano eleitoral.
Procurada, a Caixa disse que não tem a informação de que o governo não fará nova injeção de recursos neste ano. O Tesouro não respondeu até o fechamento desta edição. Fonte: Com informações de Folha de São Paulo
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