O Governo do Estado do Paraná vai investir R$ 347 mil em um programa para tirar das ruas de Curitiba durante o período da Copa do Mundo, entre 12 de junho e 13 de julho, crianças e adolescentes abandonados ou em situação de risco. Quando a Copa acabar, os investimentos do estado acabam junto.
Na edição do dia 17 de março deste ano do Diário Oficial do Paraná, foi publicada a Deliberação nº 011/2014 do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, onde se lê: "Aprovação do projeto Curitiba Mais Proteção: abordagem, acolhimento e recâmbio de crianças e adolescentes em situação de violação de direitos no período de realização da Copa do Mundo FIFA 2014, no valor de R$ 347.352,50".
De acordo com informações fornecidas pela FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba), órgão da Prefeitura Municipal de Curitiba conveniado ao Estado para tocar o projeto, as crianças em situação de vulnerabilidade que são recolhidas a abrigos públicos costumam ficar nessas instalações por algumas semanas ou pouco meses, até serem reinseridas ao ambiente familiar ou conduzidas para o processo de adoção.
O objetivo é recolher das ruas de Curitiba até 200 crianças antes e durante a Copa. Não há previsão de dotação orçamentária estadual para dar continuidade ao projeto depois do término da Copa.
Isso quer dizer que o Estado do Paraná deixará de investir no acolhimento de crianças de rua assim que a Copa acabar, mas o trabalho social levado a cabo pela FAS irá continuar, ainda que sem os recursos estaduais.
"Nós temos abrigos de acolhimento de crianças e adolescentes onde estão recolhidas 900 crianças em situação de vulnerabilidade social. Todas foram levadas para lá de maneira voluntária e em consequência de um trabalho de assistência social que tenta minorar os riscos que correm crianças e adolescentes em situação vulnerável", explica Jucimeri Isolda Silveira, superintendente de planejamento da FAS e professora do curso de serviço social da PUC-PR.
Segundo ela, a FAS mantém um trabalho permanente de orientação e de redução de riscos que correm crianças e adolescentes em situação de rua ou de pobreza extrema e desestruturação familiar. Prova disso são as 900 crianças acolhidas em abrigo atualmente.
Durante a Copa, a disposição do Estado do Paraná em auxiliar na tarefa de tirar as crianças da rua vai ser bem vinda. "Para nós, que desenvolvemos este trabalho para formar uma rede de proteção de maneira perene, os recursos extras em tempo de Copa do Mundo vêm em boa hora", diz a superintendente da FAS. "É que, em grandes eventos como uma Copa do Mundo, aumenta muito o risco a que estão expostas as crianças e adolescentes em situação vulnerável, principalmente no que diz respeito à exploração sexual e ao trabalho infantil".
A professora explica que todos os centros urbanos que recebem grandes eventos passam por um aumento de casos de prostituição e trabalho infantil. "As crianças são colocadas para vender balas ou quaisquer produtos em meio a aglomerações, e também podem acabar sendo arregimentadas para suprir o turismo sexual", conta Jucimeri. "Por isso, esta disposição específica e momentânea do governo estadual em ajudar será bem-vinda".
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