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domingo, 8 de setembro de 2013

O exército de cabos eleitorais

Representantes de seus respectivos partidos em zonas rurais e urbanas, os prefeitos brasileiros começam a ser cortejados para engrossar os palanques presidenciais das eleições de 2014. Em Pernambuco, o quadro não é diferente. Os gestores dos 184 municípios do estado farão parte de um exército poderoso numa batalha que qualquer movimento é analisado com cautela. O PSB do governador Eduardo Campos, possível candidato à Presidência da República, sai com larga vantagem no estado. A legenda possui 57 prefeituras, entre elas, a do Recife, comandada pelo socialista Geraldo Julio, e ainda pode se beneficiar de gestões de partidos como o PSDB, em virtude de alianças com o pré-candidato do PSDB o senador Aécio Neves. 
No estado, os dois partidos são seguidos por legendas como o PTB, com 25, PSD, com 21, PR, com 7, e PDT, com 10 prefeituras (ver o número completo no quadro). No caso do PTB, existe a possibilidade de o partido em lançar a candidatura do senador Armando Monteiro Neto ao governo do estado. O palanque seria vinculado ao PT e seria rival do projeto de Eduardo Campos. Nos bastidores, o senador trabalha para “fidelizar” suas prefeituras, sobretudo, no interior do estado, protagonizando encontros com vereadores e demais lideranças. A tática é para evitar a investida de outros partidos.
O caso do PSB com o PSDB é distinto. As duas legendas podem selar um acordo para que os prefeitos do PSDB no estado estejam “liberados” no apoio o projeto nacional de Eduardo Campos. Em contrapartida, os municípios geridos pelo PSB em Minas Gerais, estado de origem de Aécio, teriam a mesma liberdade com o tucano. Em Pernambuco, 20 cidades são administradas pelo PSDB. O secretário-geral do PSDB e deputado estadual Betinho Gomes diz que é cedo para avaliar este cenário, caso alguns prefeitos do partido “migrem” de palanque nas eleições presidenciais. Muito mais difícil seria imaginar algum tipo de punição da Executiva. 
“Não há dúvidas que a candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência da República, caso confirmada, vá influenciar outras lideranças, mas não só do PSDB, outros partidos também. Mas a gente não pode trabalhar com cenários hipotéticos, de coisas que ainda não aconteceram. Caso isto surja em Pernambuco, o partido deve avaliar o cenário nacional e se os dois fizeram algum tipo de pacto. Aí sim, será tomada alguma medida. Em Minas Gerais, Eduardo pode encontrar um quadro parecido (envolvimento da maioria das lideranças do estado com a candidatura)”.
Mas, nem sempre os números se transformam em resultados. O cientista político e coordenador do curso de jornalismo da Unicap Juliano Domingues, destaca que esta fidelidade do prefeito ao partido de origem é volátil e depende de diversos fatores, como o tipo de aliança que é formada para elegê-lo. Por outro lado, ele defende que esta influência dos prefeitos dos centros urbanos tendem a ser mais pragmática, ou seja, a cristalização do voto seria mais pelas propostas e projetos de governo do que pela mera indicação. “Em ‘currais eleitorais’ seria mais fácil identificar grupos que não votaram com o prefeito, enquanto em grandes centros urbanos os votos são mais diluídos geograficamente. Em cidades pequenas, pode ser bem arriscado não seguir a orientação do prefeito”, comentou.
 (Greg)

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