Estádio pode ser chamado de 'Enferrujadão'
Quem vivencia o futebol e a política brasileira sabe que a interdição do estádio ‘Engenhão’ tem muito mais coisa do que possa parecer. Pelas notícias amplamente divulgadas, já há alguns anos que havia algum perigo para os torcedores nas estruturas da cobertura do estádio. Mas ficou todo mundo caladinho, deixando as providências para mais tarde. De repente, o prefeito carioca Eduardo Paes, do PMDB, resolve interditar o estádio em pleno andamento do Campeonato Carioca, além de o Fluminense ter ali também jogos pela Copa Libertadores. Para muitos, e nós também, o ato de Eduardo Paes é uma prova concreta de que aquelas estruturas metálicas enferrujadas estão prestes e desmoronar. Não dá mais para ‘empurrar com a barriga’;
O prefeito do Rio de Janeiro, reeleito no ano passado com cerca de 60% dos votos no primeiro turno, é aliado do governador Sérgio Cabral, que tem como candidato à sua sucessão no ano que vem o vice-governador Pezão, todos apoiando também a reeleição da presidente Dilma. Não seria nada bom terem suas imagens associadas a uma tragédia que seria a queda da cobertura do ‘Engenhão’ em dia de grande número de torcedores, ou seja, não dá mais para deixar como está para ver como é que fica. Melhor é associar a imagem do prefeito a de um administrador que cuida da segurança dos torcedores e que tomou uma providência drástica para impedir uma catástrofe;
Eduardo Paes 'salvou' os torcedores
Vemos, portanto, que tudo gira em torno dos interesses políticos de grupos ou de pessoas. O que interessa é a manutenção do poder. Então, começam as acusações a possíveis responsáveis pela obra do estádio que foi construído para os Jogos Pan-americanos de 2007. Jogam a responsabilidade para o prefeito da época, o agora vereador César Maia, que por sua vez empurra o problemas para as empresas responsáveis pela obra. Eis que aí aparece a famigerada Delta, que largou a obra com outro consórcio alegando incapacidade financeira, certamente recuperada em grande escala com os contratos para execução de obras no Estado do Rio, ao ponto de patrocinar viagens do governador Sérgio Cabral, tendo como mais famosa aquela da ‘dança dos guardanapos’ em Paris, com Cabral acompanhado do então presidente da Delta, Fernando Cavendish. Também o Governo Federal cuidou de dar suporte à Delta com bilionários contratos para obras do PAC;
Em meio a tudo isso, ficamos sabendo que o estádio que não pode sequer ser soprado por uma ventania de 60 km/h havia sido orçado em R$ 60 milhões acabou custando quase R$ 400 milhões, mas isso é outro assunto, que certamente não será apurado, como não foram as obras contratadas por Sérgio Cabral, que teve qualquer tipo de explicação blindada pela bancada governista numa CPI que apurava os contratos da poderosa construtora, patrocinadora de várias candidaturas e gente que está no poder;
Enfim, podem os torcedores ficar tranquilos que o ‘Engenhão’ não vai desmoronar em suas cabeças, mas é bom ficarem atentos, pois o mesmo consórcio que substituiu a Delta é que está fazendo a reforma do Maracanã. Todo cuidado é pouco. por Aírton Leitão
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