Por
Humberto Pinho da Silva
Ao entardecer do dia cinco de
Abril, fui surpreendido, ao abrir o correio electrónico, com mensagem que me
deixou confuso. Comunicava, o e-mail, que falecera o pai de amigo de infância.
Só mais tarde, reflectindo, e
atentando nos nomes, de quem me enviara, é que cai em mim, verificando que quem
falecera, não era o pai, mas meu querido amigo, e intimo confidente, dos bons
tempos de adolescente.
Nunca acreditei que amigos de
infância pudessem morrer, muito menos aqueles com quem troco assídua
correspondência virtual. Por isso a minha confusão.
O Manel, o “M” à quinta, como
ele próprio dizia, porque os nomes iniciavam-se pela letra “M”, foi meu
condiscípulo na Escola Académica, e companheiro imprescindível nas
investigações às velharias do burgo portuense.
Com ele fiz incursões pelas
velhas ruas tripeiras; entrei em museus; percorri estreitas e pitorescas
vielas, carregadas de história e tradições.
Éramos inseparáveis. Tivemos longas
e interessantes conversas. Narramos “ segredos” e curiosidades desconhecidas.
Eu falava dos: Rapazotes, Borges Guedes, Pestanas, Gouveias Magalhães Bastos e
de Carlos e Mário Cal Brandão. Ele, de Bento Amorim, da Casa Oliveira,
Pinheiros Torres, Sousa Guedes, Alpendoradas, Campos Belos, e de Condes e
Condessas e famílias nobres da velha cidade do Porto.
A vida militar separou-nos.
Durante anos pouco soube dele. Reatei mais tarde a amizade perdida, para nunca
mais a perder, graças à Internet.
Fui um jovem triste e
solitário. Meus amigos contavam-se pelos dedos. Além do Manel, todos eram meros
conhecidos, e evaporaram-se com o tempo.
De meninas, havia a Lalita.
Hoje viúva. Dizem-me ser muito senhoril e elegante. A Mary, que vive em
Granada, e seguiu a carreira de hospedeira de bordo. A Teresa, muito mais nova;
não era propriamente amiga, mas quase irmã; e outra, que conheci de menininha,
e que se afeiçoou a mim e eu a ela. Casou, e não mais se lembrou deste velho
amigo. Essa indiferença, dói; mas doer-me-ia muito mais, se apenas por
interesse, aproximasse de mim.
Mas voltemos ao Manuel e aos
culturais passeios que fazíamos. Deles escrevi, numa publicação da Porto
Editora, ligeira referência.
Já que abordo amigos
desaparecidos, que terminaram a peregrinação, e com quem trocava
correspondência electrónica, devo destacar: Tereza de Mello, minha carinhosa
amiga, confrade no Blogue luso-brasileiro “PAZ”, assim como Aluizo da Mata, de
Sete Lagoas, e o Prof. Doutor João Alves das Neves, de São Paulo, que
igualmente colaborou na “PAZ”; e tantos, que ao longo da minha existência
deixaram saudades imensas.
Para concluir, quero lembrar
que foi o falecimento de Manuel Magalhães (Alpendorada), o único, que sendo da
mesma idade, e de ideias e gostos semelhantes, cravou no coração profunda mágoa
e indescritível desgosto.
Ia, neste triste recordar,
esquecer-me de amoroso rapazinho, que falecera na flor da idade, o Manuel R.F.
Conservo sua foto, no Picasa, Contrai-me sempre o coração, quando penso nele.
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